terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Banco Mundial lança parceria para salvar oceanos


Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil
“Os oceanos estão em perigo. Precisamos de um novo ‘SOS: Salvem Nossos Mares’ [Save Our Seas]. Então hoje, quero propor uma nova abordagem – uma Parceria Global para os Oceanos sem precedentes.” Com essa declaração, Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, convocou nesta sexta-feira (24) os diversos setores da sociedade a se unirem para salvar nossos mares.

Falando na Conferência Mundial dos Oceanos, Zoellick enfatizou a importância dos oceanos para a população mundial, e foi claro no alerta a respeito de nossas atuais ações sobre os mares. “Os fatos não mentem e as estatísticas são de que não estamos fazendo o suficiente, não estamos realizando o suficiente e os oceanos continuam ficando doentes e morrendo.”
O presidente do Banco Mundial propôs que países, centros científicos, ONGs, órgãos internacionais, fundações e o setor privado somem os atuais esforços que estão desenvolvendo para combater as mudanças climáticas, a poluição e a sobrepesca que afetam os mares para potencializar a proteção a eles.
“Precisamos de uma ação global coordenada para restaurar a saúde de nossos oceanos. Juntos desenvolveremos o excelente trabalho que já está sendo feito para enfrentar as ameaças aos oceanos, para identificar as soluções viáveis e ampliá-las”, explicou ele.
Para poder desenvolver essa aliança, Zoellick afirmou que é essencial entender a dependência que temos dos mares e o valor dos benefícios que eles oferecem. Entre eles, estão o fornecimento de oxigênio, de alimentos, a regulação das temperaturas, a proteção de áreas e populações costeiras, entre outros. “Seja qual for o recurso, é impossível desenvolver um plano para gerir e aumentar o recurso sem saber o seu valor”, observou.
Estima-se que, só nos países em desenvolvimento, um bilhão de pessoas dependam de peixes e frutos do mar como fontes de proteína e meio bilhão dependam da pesca como meio de sobrevivência. Nestes países, os peixes são os produtos alimentícios mais comercializados, e em muitas ilhas do Pacífico, esse item representa cerca de 80% do total das exportações.
E para se ter ideia do risco que corremos com a atual situação de exploração dos mares, calcula-se que 85% da pesca oceânica está totalmente explorada, sobreexplorada ou esgotada. Por isso, a coalizão pretende aumentar os estímulos financeiros a essa atividade, para que ela se torne ao mesmo tempo mais sustentável e eficiente.
“Devemos aumentar os benefícios líquidos anuais da pesca para entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões. Estimamos que a pesca global tenha atualmente uma perda econômica líquida de cerca de US$ bilhões por ano”, disse o presidente do Banco Central.
Outro foco da parceria será aumentar o número e a extensão de áreas marinhas protegidas. Segundo Zoellick, menos de 2% da superfície oceânica é protegida, enquanto na superfície terrestre, esse índice é de 12%. “Vamos aumentar isso para 5%”, prometeu Zoellick. As metas propostas pela aliança serão desenvolvidas para os próximos dez anos.
Para começar o projeto, o presidente do Banco Central declarou que a coalizão se comprometeu a arrecadar pelo menos US$ 300 milhões em curto prazo, financiamento que deve ser usado para a assistência técnica de reformas de governança.
“Trabalhando com os governos, a comunidade científica, organizações da sociedade civil e o setor privado, visamos levantar mais US$ 1,2 bilhão para apoiar oceanos saudáveis e sustentáveis. Isso totalizaria US$ 1,5 bilhão em novos compromissos em cinco anos”, acrescentou ele.
Participantes da Conferência Mundial dos Oceanos apoiaram o plano, ressaltando a importância de uma melhor gestão dos recursos oceânicos e do estabelecimento de um valor para o capital natural dos mares.
“A chave para o sucesso dessa parceria será um novo mecanismo de mercado, que valorize o capital natural e possa atrair financiamento privado”, disse Abyd Karmali, diretor global de mercados de carbono do Bank of America Merrill Lynch, à Reuters.
O Banco Mundial deve convocar a primeira reunião da aliança em abril, na cidade Washington, nos EUA.

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