domingo, 5 de fevereiro de 2012

País ganha Atlas Geográfico das Zonas Costeiras

Com mais de um quarto (26,5%) da população vivendo em municípios da zona costeira, segundo o Censo 2010, o Brasil ganhou no dia 5 de dezembro o primeiro Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas. Recheada de imagens de satélite, a publicação é uma parceria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com a Marinha.


O atlas mostra que as regiões Sul e Sudeste são as que apresentam maior porcentual de espécies exóticas aquáticas identificadas. Essas espécies são, na maioria das vezes, introduzidas no País inadvertidamente, transportadas na água de lastro ou mesmo fixadas no casco de navios. A publicação também apresenta um mapa com a chamada logística do petróleo, envolvendo os principais poços de produção, os terminais de distribuição, as refinarias, etc.

"Na parte de geologia, é possível conhecer como é o Brasil no fundo do mar. Ver a diferença de extensão da plataforma, como é larga no sul e na foz do Amazonas, e como é muito estreita no Nordeste", disse o geógrafo Marco Antonio de Carvalho Oliveira, da equipe que planejou e coordenou a publicação. Ele também destaca o quadro que mostra a evolução urbana do País, com o crescimento da interiorização a partir da década de 1970. "O diferencial é a quantidade de recursos didáticos que o atlas contém”.

O atlas também tem um mapa que mostra os municípios afetados pelo ciclone extratropical Catarina, que atingiu a região Sul no fim de março de 2004. Foi o primeiro furacão registrado no Atlântico Sul, resultante de uma combinação rara de condicionantes meteorológicos e oceanográficos. O Catarina foi classificado como um furacão categoria 1 na escala Saffir-Simpson (com ventos entre 120 e 150 km/h). A imagem foi trabalhada com a inclusão dos limites estaduais, sedes de municípios e áreas urbanizadas, mostrando as regiões efetivamente afetadas pelo fenômeno.

No capítulo sobre ecossistemas costeiros e marinhos, o estudo ressalta que mais de 90% das áreas consideradas prioritárias de conservação encontram-se fora das áreas abrangidas por Unidades de Conservação.  Para o IBGE, isso demonstra a "importância da definição dessas áreas como prioritárias para a preservação da fauna brasileira".

De forma complementar, outro relatório lançado em 2010 pelo Greenpeace, demonstra que cerca de 8,7% das áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade marinha na costa brasileira estão sob regime de concessão para prospecção ou exploração de petróleo. O documento cruzou dados dos Ministérios do Meio Ambiente e das Minas e Energia. A costa brasileira - de cerca de 8,6 mil quilômetros - apresenta grande diversidade de paisagens, entre elas muitos manguezais, áreas consideradas extremamente sensíveis aos derramamentos de petróleo.

O tamanho do "conjunto intersecção" entre áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e áreas cedidas para exploração petrolífera é maior para as Regiões Nordeste (17,35%) e Sudeste (21,8%). "No Nordeste, a região do Parque Nacional dos Abrolhos, na Bahia, é emblemática. Lá está a principal formação de corais do Atlântico Sul e a pressão pela exploração petrolífera é muito grande", afirma Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace.

Ela afirma que um grupo de ambientalistas está pleiteando ao Ministério do Meio Ambiente um aumento de 20% do Parque Nacional de Abrolhos. "Hoje sabemos que o parque só protege 2% dos recifes de coral da região. Quando ele foi criado, não tínhamos o conhecimento suficiente para saber que era necessária uma área de amortecimento em seu entorno. Então, ele é muito pequenino, o que complica ainda mais a situação com as plataformas de exploração de petróleo", diz Leandra.

No Sudeste, Leandra destaca a área que cerca o porto de Santos e o corredor de biodiversidade Vitória-Trindade. "São os pontos mais preocupantes, além, é claro, do Rio de Janeiro, nosso principal destino turístico", diz. "Na Região Sul, destaco o Estado de Santa Catarina que, além de uma indústria pesqueira forte, tem muito de sua receita originada no turismo. Sem contar que é o único local do País onde ocorrem as baleias-francas", lembra Leandra.

No Norte, a região entre o Amapá e o Maranhão concentra quase 30% dos manguezais brasileiros e "há prospecção bem próxima deles", diz Leandra. Os manguezais ocupam uma área aproximada de 14 mil km² no País, mas apenas 13% deles estão protegidos em unidades de conservação. No âmbito das discussões do novo Código Florestal, uma das emendas aprovadas no Senado permitiu a "consolidação" de ocupações ilegais de manguezais para criação de camarão e a utilização de apicuns para os mesmos fins. A emenda foi duramente criticada por ambientalistas.


Fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=633

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