quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


Estoque de carbono nos solos é foco de anuário do PNUMA

A drástica perda de carbono nos solos, e suas implicações para a segurança alimentar, uso de energia, mudanças climáticas e saúde dos ecossistemas estão entre os principais temas do anuário 2012 do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA).


O anuário apresenta dados, eventos e acontecimentos importantes de 2011, dando ênfase para duas questões emergentes - os benefícios do carbono no solo e a desativação de usinas nucleares.
A erosão do solo devido à agricultura tradicional está ocorrendo 100 vezes mais rápido do que os processos naturais que os formam, alerta o PNUMA, recomendando um novo foco em todos os níveis de governança para a gestão adequada do carbono no solo, visando atender à necessidade de serviços ecossistêmicos em suporte à vida da humanidade.
O valor do solo é comumente associado com a agricultura, mas também são elementares no fornecimento de muitos serviços ecossistêmicos: regulação de enchentes (infiltração, redução do escoamento superficial); redução da propagação de agroquímicos, patógenos e contaminantes através da retenção e decomposição; regulação climática (reservatório de carbono); produção de alimentos e fibras; recarga de reservatórios hídricos; ciclagem de nutrientes, entre outros (Figura).
De forma geral, apenas o primeiro metro do horizonte superior do solo estoca cerca de 2.200 gigatoneladas de carbono, dois terços na forma de matéria orgânica. Isso significa mais de três vezes a quantidade de carbono contida na atmosfera.
Porém, os solos são extremamente vulneráveis à degradação, liberando gases do efeito estufa como resultado da decomposição acelerada devido à mudança no uso da terra (desmatamento, urbanização, aragem) e praticas insustentáveis de manejo.
Desde o século XIX, cerca de 60% do carbono nos solos e vegetação mundial foram perdidos devido a mudanças no uso da terra, cita o PNUMA. Em contraposição a toda esta degradação, as projeções indicam que dentro de duas décadas a demanda global por alimentos deve aumentar em 50%, por água entre 35% e 60% e por energia em 45%.
Vários estudos de caso são apresentados, como um no Brasil, onde mudanças nas práticas de cultivo tiveram efeitos significativos no estoque de carbono do solo. A conversão para o plantio direto no cultivo de soja, milho e em sistemas de rotação relacionados resultou em uma taxa de sequestro de carbono orgânico no solo de 0,41 toneladas por hectare por ano.
Conforme as análises do PNUMA, o nordeste brasileiro apresenta degradação média a forte dos solos e o sul-sudeste está melhorando suas práticas.
Figura: Interações de carbono entre solo e planta e os serviços ecossistêmicos associados. PNUMA.

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