Estudo sugere aumentar preço do carbono para preservar biodiversidade
Com a tonelada de carbono a US$ 7, valor perto do que é negociado hoje, cerca de 50% dessas espécies seriam preservadas até 2100, segundo o estudo/Foto: Moyan_Brenn
fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2012/fevereiro/estudo-sugere-aumentar-preco-do-carbono-para
Com a tonelada de carbono a US$ 7, valor perto do que é negociado hoje, cerca de 50% dessas espécies seriam preservadas até 2100, segundo o estudo/Foto: Moyan_Brenn
Os chamados créditos de carbono dividem opiniões em todo o mundo desde que a ideia começou a ser discutida, em 1988, durante a primeira reunião do painel da ONU sobre o clima. Para o pioneiro do conceito de Ecodesenvolvimento, Ignacy Sachs, por exemplo, o sistema requer cautela, pois pode se transformar em uma licença para que os compradores continuem a emitir gases de efeito estufa.
Já um estudo de pesquisadores europeus, coordenados por um economista brasileiro, sugere que aumentar o preço do carbono no mercado pode ser fundamental para a preservação da biodiversidade. Segundo os cientistas do Instituto Internacional para Sustentabilidade (ISS), quanto mais alto o valor do crédito de carbono no mercado, mais sobrevida ganham as florestas e os animais que vivem nela.
Sem as políticas de crédito de carbono, calculam os cientistas, 36 mil espécies de animais e de plantas florestais seriam extintas até 2100. Com a tonelada de carbono a US$ 7, valor perto do que é negociado hoje, cerca de 50% dessas espécies seriam preservadas no mesmo período. Se o preço subisse para US$ 25 a tonelada, a preservação aumentaria para 94% das espécies florestais.
"Em 2007, quando o mercado de crédito de carbono estava aquecido, chegamos a negociar a tonelada a US$ 34", lembrou à Folha.com o economista Bernardo Strassburg, membro do ISS. O economista coordenou o trabalho e destacou que negociar a tonelada do carbono a US$ 25 é bastante factível. De acordo com Strassburg, o IPCC (painel do clima da ONU) considera que até US$ 100 por tonelada são aceitáveis.
Hoje, o mercado de crédito de carbono está desaquecido por falta de acordo nas convenções internacionais sobre o clima. Além disso, algumas correntes defendem que os créditos favorecem mais o mercado do que o ambiente.
Os impactos dos créditos de carbono na preservação das espécies, de acordo com a pesquisa, dependem da biodiversidade da floresta e variam em cada região.
"Na Mata Atlântica, por exemplo, a manutenção da floresta reduziria significativamente a perda de biodiversidade do Brasil", ressaltou o coordenador do trabalho.
O estudo foi publicado no domingo, 5 de fevereiro, na revista Nature Climate Change. Agora, os cientistas planejam ampliar a análise do impacto das políticas de carbono na preservação em áreas não florestais, como as savanas.
Proibição na China
A Administração da Aviação Civil Chinesa determinou nesta segunda-feira, 6 de fevereiro, que as companhias aéreas do país estão desautorizadas a pagar pelas cobranças por emissão de dióxido de carbono (CO2) impostas pela União Europeia (UE) para voos que pousarem ou decolarem do seu território. A medida conta com apoio do governo chinês.
Segundo o órgão chinês, a decisão da UE de cobrar pelas emissões de CO2 "contraria princípios relevantes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima e regulamentações da aviação civil internacional". Os chineses reiteram que o país espera que a UE encontre soluções adequadas para a questão em consideração às suas relações bilaterais, conforme informou a agência estatal Xinhua.
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