Como evitar que agrotóxicos contaminem o meio ambiente?
No começo de 2012 nós publicamos no site de ÉPOCA um especial com uma série de matérias sobre quais são as formas corretas de descartar lixo. Falamos, por exemplo, do lixo reciclado, orgânico, lixo técnológico, entre outros. Após a publicação, soubemos que existe no Brasil uma iniciativa de descarte de embalagens de agrotóxicos – o InpEv, um instituto formado por fabricantes de agrotóxicos e associações de produtores, consegue recolher mais de 80% das embalagens de agrotóxicos.
Os agrotóxicos são substâncias complicadas. Por um lado, aumentaram em muito a capacidade de agricultores produzirem alimentos, mas por outro, são tóxicos e podem contaminar o ambiente e causar danos a saúde. Quais são os riscos?
Para entender melhor o assunto, conversamos com os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, os doutores Robson Rolland Monticelli Barizon e Marcelo Augusto Boechat Morandi. Por e-mail, os pesquisadores explicaram quais são os riscos, e as regras que devem ser seguidas para evitar contaminações.
Blog do Planeta – Os agrotóxicos, apesar de usados para o cultivo de alimentos, são tóxicos. Há um uso seguro para evitar contaminação do meio ambiente?
Monticelli e Morandi – A questão ambiental é complexa em função dos diferentes compartimentos que compõe o meio ambiente. Como exemplo temos o risco de contaminação dos cursos d´água por agrotóxicos. Mesmo que a aplicação do agrotóxico tenha sido realizada corretamente, o risco de contaminação de rios e lagos pode ser elevado. Esta situação pode ocorrer quando os cursos d´água não são devidamente protegidos pela vegetação das áreas de proteção permanente, ou mata ciliar. O manejo do solo também é um fator importante e caso seja realizado de forma inadequada pode trazer sérios danos ao meio ambiente, por meio do escoamento superficial de fertilizantes e agrotóxicos após chuvas intensas, ocasionando a contaminação por agroquímicos, eutrofização e assoreamento do leito de rios e reservatórios.
Monticelli e Morandi – A questão ambiental é complexa em função dos diferentes compartimentos que compõe o meio ambiente. Como exemplo temos o risco de contaminação dos cursos d´água por agrotóxicos. Mesmo que a aplicação do agrotóxico tenha sido realizada corretamente, o risco de contaminação de rios e lagos pode ser elevado. Esta situação pode ocorrer quando os cursos d´água não são devidamente protegidos pela vegetação das áreas de proteção permanente, ou mata ciliar. O manejo do solo também é um fator importante e caso seja realizado de forma inadequada pode trazer sérios danos ao meio ambiente, por meio do escoamento superficial de fertilizantes e agrotóxicos após chuvas intensas, ocasionando a contaminação por agroquímicos, eutrofização e assoreamento do leito de rios e reservatórios.
Há ainda o risco de afetar outros organismos não-alvo, ou seja, outros insetos ou microorganismos benéficos, que prestam grande serviço à natureza, seja na polinização ou até mesmo no equilíbrio natural das populações das pragas. Isso tudo reforça a necessidade de se conscientizar os produtores e a sociedade em geral que o uso de agrotóxicos deve ser sempre feito de forma racional, ou seja, seguindo-se todos os critérios técnicos e usados na dosagem e freqüência estritamente necessárias.
Blog do Planeta – Quais são esses critérios? Existe alguma regra de conduta para os agricultores evitarem riscos de contaminação?
Monticelli e Morandi – Em toda embalagem de agrotóxico constam as informações de segurança do produto. O agricultor deve ler estas informações e segui-las rigorosamente, pois elas indicam quais os equipamentos de proteção individual (EPI) necessários para a aplicação, o período em que o agricultor não deve entrar na área após a aplicação do produto. Além disso, o agricultor deve seguir as recomendações contidas no receituário agronômico, que é um documento emitido por um Engenheiro Agrônomo devidamente habilitado e que orienta como executar de forma segura a aplicação do agrotóxico.
Monticelli e Morandi – Em toda embalagem de agrotóxico constam as informações de segurança do produto. O agricultor deve ler estas informações e segui-las rigorosamente, pois elas indicam quais os equipamentos de proteção individual (EPI) necessários para a aplicação, o período em que o agricultor não deve entrar na área após a aplicação do produto. Além disso, o agricultor deve seguir as recomendações contidas no receituário agronômico, que é um documento emitido por um Engenheiro Agrônomo devidamente habilitado e que orienta como executar de forma segura a aplicação do agrotóxico.
Assim, a “regra de ouro” para aplicação segura de agrotóxicos é só usá-los quando de fato necessário, na dosagem e forma correta e sempre com a orientação de um profissional da área. Os agrotóxicos são uma importantíssima ferramenta para uma agricultura produtiva, mas se usados de forma inadequada, no momento e na frequência errados, ou em excesso, podem trazer uma série de riscos ao aplicador, aos consumidores e ao meio ambiente.
Como regra geral de boas práticas no combate as pragas agrícolas é importante sempre lembrar que o uso de agrotóxicos não é a única, e nem sempre a primeira medida a ser tomada. O Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP) deve ser sempre buscado. Ele começa com o correto planejamento da cultura para minimizar o risco da ocorrência de pragas e doenças. Durante o cultivo, deve-se realizar o monitoramento da ocorrência das pragas e patógenos na lavoura. Uma vez necessário, deve-se lançar mão de todas as alternativas disponíveis para o controle da praga. Aí os agrotóxicos entram como uma das ferramentas.
Blog do Planeta – Quais os riscos para a saúde dos agricultores?
Monticelli e Morandi – Os riscos dos agricultores se intoxicarem na aplicação dos agrotóxicos dependerá do nível de exposição a estes produtos. Para a aplicação segura dos agrotóxicos, são recomendados uma série de equipamentos de proteção individual (EPI) como: luva, óculos, máscara, macacão impermeável, entre outros. Com a utilização dos EPI´s adequados para cada tipo de aplicação, a exposição do agricultor é reduzida a níveis seguros. Infelizmente, muitos trabalhadores rurais ainda não utilizam os EPI, o que eleva os riscos de intoxicação.
Monticelli e Morandi – Os riscos dos agricultores se intoxicarem na aplicação dos agrotóxicos dependerá do nível de exposição a estes produtos. Para a aplicação segura dos agrotóxicos, são recomendados uma série de equipamentos de proteção individual (EPI) como: luva, óculos, máscara, macacão impermeável, entre outros. Com a utilização dos EPI´s adequados para cada tipo de aplicação, a exposição do agricultor é reduzida a níveis seguros. Infelizmente, muitos trabalhadores rurais ainda não utilizam os EPI, o que eleva os riscos de intoxicação.
Após seu uso os EPI também devem ser cuidados adequadamente, não podendo ser lavados junto com outras roupas de uso doméstico, por exemplo. É importante salientar que o uso de EPI, especialmente em nossas condições de clima, gera algum desconforto, o que leva a muitos a dispensar seu uso ou usá-los apenas parcialmente.
Blog do Planeta – E para a saúde das pessoas que consomem alimentos em que foram aplicados agrotóxicos, quais os riscos?
Monticelli e Morandi - Todo agrotóxico comercializado no Brasil é submetido a vários estudos científicos que estabelecem os níveis seguros de ingestão, ou seja, as concentrações de agrotóxicos nos alimentos que permitem a ingestão sem causar nenhum dano à saúde humana. O risco só existe quando as concentrações destas substâncias extrapolam os níveis pré-estabelecidos. O Brasil possui atualmente dois programas federais de monitoramento de resíduos de agrotóxicos que analisam os níveis de agrotóxicos em diferentes alimentos comuns na mesa do brasileiro, como arroz, feijão, alface e tomate. Os resultados até o momento mostram que menos de 4% das amostras apresentavam concentração de agrotóxicos acima do permitido por lei, número considerado bastante seguro.
Monticelli e Morandi - Todo agrotóxico comercializado no Brasil é submetido a vários estudos científicos que estabelecem os níveis seguros de ingestão, ou seja, as concentrações de agrotóxicos nos alimentos que permitem a ingestão sem causar nenhum dano à saúde humana. O risco só existe quando as concentrações destas substâncias extrapolam os níveis pré-estabelecidos. O Brasil possui atualmente dois programas federais de monitoramento de resíduos de agrotóxicos que analisam os níveis de agrotóxicos em diferentes alimentos comuns na mesa do brasileiro, como arroz, feijão, alface e tomate. Os resultados até o momento mostram que menos de 4% das amostras apresentavam concentração de agrotóxicos acima do permitido por lei, número considerado bastante seguro.
Alimentos como o pimentão costumam apresentar um índice de irregularidades elevado, porém a maioria destas irregularidades não são referentes a concentrações acima do permitido, mas a irregularidades regulatórias, ou seja, ao uso de produtos não registrados para esta cultura. A princípio, como os resíduos nestes produtos estão dentro dos níveis toleráveis, não afetam diretamente a saúde da população que consome estes alimentos. Mas esta situação abre uma série de alertas: como estes produtos não são registrados para a cultura, não passaram por todos os testes com esta espécie de plantas; a dosagem e recomendação está sendo seguida para outra cultura e não para aquela onde se está efetivamente aplicando o produto; o receituário agronômico está sendo descumprido nestas situações, o que não permite o rastreamento das informações no caso de alguma ocorrência ambiental ou toxicológica; por fim, os consumidores perdem a confiança no nosso processo produtivo, o que penaliza os próprios agricultores, especialmente aqueles que observam todas as regras e usam os agrotóxicos adequadamente.
Foto: InpEV
(Bruno Calixto)
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