terça-feira, 6 de março de 2012

Planeta perdeu em 8 anos o equivalente a 4.100 km3 de massa de gelo


Em oito anos, o planeta perdeu o equivalente a 4.100 km³ de gelo — provenientes das calotas polares, das geleiras, topos de cordilheiras, da Groenlândia e da Antártida — devido ao derretimento, afirma pesquisa  publicada no dia 9 de fevereiro na edição online da revista “Science”.
Esse fato resultou na elevação de 12 milímetros no nível médio do mar nesse período. Na prática, essa massa derretida é suficiente para encobrir completamente os Estados Unidos em 1,5 metro de água. O volume corresponde a 82 mil vezes a quantidade de água existente no Lago Paranoá, em Brasília – que tem 0,05 km³.

De acordo com o estudo realizado pela Universidade Columbia, com dados disponibilizados pelo programa Grace (satélites de observação da Terra operados em parceria da Nasa com a Alemanha), de janeiro de 2003 a dezembro de 2010 foram derretidas anualmente 150 bilhões de toneladas de gelo – sem incluir Groelândia e Antártida. Nestas duas regiões, a perda anual de gelo equivale a 385 bilhões de toneladas/ano.

“A Terra está perdendo uma incrível quantidade de gelo para os oceanos anualmente e esses novos resultados nos ajudarão a entender questões importantes sobre a elevação do mar e respostas das regiões frias do planeta às mudanças climáticas globais”, disse John Wahr, pesquisador da Universidade Columbia, em comunicado enviado pela instituição.

Os cientistas participantes da pesquisa concordam que as atividades humanas, como o envio de grandes quantidades de gases de efeito estufa à atmosfera, estão aquecendo o planeta, fenômeno que é ocorre de forma mais acentuada nas áreas frias.

Porém, um dado inesperado aponta que, apesar da quantidade surpreendente de gelo derretido, o número é inferior ao apontado em estudos anteriores. Os satélites do Grace constataram, por exemplo, que o degelo nas altas montanhas da Ásia, como o Himalaia, foi inferior à previsão de 50 bilhões de toneladas de massa de gelo por ano (o número constatado é de quatro bilhões de toneladas ao ano).

Os cientistas querem agora encontrar um padrão para entender melhor o processo de aumento do nível do mar. “Uma grande questão é entender como a ascensão dos oceanos vão ser modificada neste século”, disse Tad Pfeffer, também participante da pesquisa.

Para Paolo Alfredini, professor do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da USP, a pesquisa traz dados concretos que são coerentes com o monitoramento do nível do mar feito em diversos pontos do Brasil.

Ele chama a atenção, no entanto, para o fato de que o estudo traz valores médios para todo o mundo, enquanto que algumas áreas são mais afetadas que outras pela elevação do mar. É o caso das áreas tropicais, como a costa brasileira. “Nessas regiões, o aquecimento da água provoca sua dilatação, o que a faz ocupar um volume maior.”

Segundo Alfredini, a extrapolação do resultado para um prazo de cem anos, considerando esses fatores, permite estimar que algumas áreas do país vão ter elevação de até um metro do nível do mar. Isso significaria, numa praia com declive suave como a da cidade de Santos, um avanço do mar de até cem metros sobre a costa.




fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=639

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