sábado, 17 de março de 2012


Para presidente da Embrapa, Código Florestal terá que ser revisto em cinco anos

Pedro Arraes acredita que há entraves por questões políticas e ideológicas

por Agência Brasil
Agência Brasil 
Mesmo com o texto do novo Código Florestal em tramitação no Congresso Nacional e sob a ameaça de ter a votação adiada para depois da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, acredita que, ainda que o legislativo chegue a um consenso, o texto terá que ser revisto em cinco anos. 

Para Arraes, o novo código representa um avanço sobre o tema e precisa ser aprovado, mas está prejudicado por questões políticas e ideológicas. Esses fatores, segundo ele, podem expor a necessidade de ajustes. 

A Embrapa foi uma das instituições que subsidiaram o debate no legislativo, apresentando resultados de estudos técnicos e científicos e, segundo Arraes, também sobre pontos que exigiam “bom-senso”. 

“Há um item, por exemplo, que diz que o produtor pode tirar 20 metros cúbicos [de madeira] por hectare por ano para seu consumo. Se é 20, 5 ou 10 [metros cúbicos], isso é uma decisão política e prática. Você acha que alguém vai controlar o produtor que tira a madeira para cozinhar para os filhos dele? Ele vai ter que pedir autorização para o Ibama[Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]? Cria-se uma lei e como vai ser aplicada? Em um país desse tamanho, com essa diversidade?”, indagou o presidente da Embrapa. 

Além das regras que podem ficar comprometidas pela incapacidade de fiscalização de todo o território nacional, Arraes também alerta sobre as diversas realidades produtivas que existem no país. Na opinião dele, é difícil construir uma legislação nacional para uma questão que guarda tantas especificidades. 

A diversidade de biomas também foi apontada por Pedro Arraes como uma dificuldade no cálculo exato e nacional do que seria o estoque de florestas suficiente para garantir uma agricultura sustentável. Segundo ele, ogeorreferenciamento por satélite, que está sendo elaborado pela empresa, mapeando a produção e os tipos de solo do território nacional, deve oferecer um cenário mais preciso para delimitar políticas públicas de incentivo por parte do governo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário