domingo, 8 de julho de 2012

ONU lança o IRI, um novo índice de sustentabilidade


Um novo indicador voltado para incentivar a sustentabilidade foi apresentado no dia 17 de junho pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e coloca o Brasil como a nação com o quinto maior crescimento sustentável anual per capita do mundo, à frente de potências como Estados Unidos e Canadá.


O indicador aplica informações referentes ao capital humano, natural e manufaturado de 20 países para mostrar um panorama mais amplo do que os parâmetros econômicos e de desenvolvimento tradicionais do Produto Interno Bruto (PIB). 

Chamado de Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), o objetivo do indicador é incentivar a sustentabilidade dos governos e complementar o cálculo do PIB – ou mesmo substituir os atuais medidores da economia. A ferramenta reúne informações referentes à educação e expectativa de vida, os recursos florestais, além da produção industrial. Na prática, um país com IRI alto representa que ele é mais sustentável.

O indicador foi divulgado no Relatório de Riqueza Inclusiva 2012 (IWR na sigla em inglês), que será atualizado a cada dois anos. Organizado pela Universidade das Nações Unidas e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) por meio do Programa Internacional de Dimensões Humanas sobre Mudança Ambiental Global (IHDP, na sigla em inglês), o relatório observou as mudanças na riqueza inclusiva em 20 países: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Índia, Japão, Quênia, Nigéria, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, EUA, Reino Unido e Venezuela.

Os países selecionados representam 56% da população mundial e 72% do PIB mundial, incluindo economias de alta, média e baixa renda em todos os continentes. Alguns países foram escolhidos com base na hipótese de que o capital natural é particularmente importante para a sua base produtiva – como no caso do petróleo no Equador, Nigéria, Noruega, Arábia Saudita e Venezuela; ou minérios em países como o Chile e florestas no Brasil.

O relatório analisou o período entre 1990 e 2008, e classificou a China como o país mais sustentável do mundo, com um índice de 2,1. A Alemanha vem em seguida, com 1,8. Na sequência estão a França e o Chile. 

O Brasil teve o IRI de 0,9 no período, o quinto no ranking da ONU, se igualando a Japão e Reino Unido. Nos 19 anos medidos, o PIB brasileiro cresceu 34%, o capital humano aumentou 48% e o capital manufaturado, 8%. Já o capital natural seguiu na contramão, caindo 25%. A justificativa do relatório é que a queda foi causada pelo avanço no desmatamento das florestas e ao aumento das atividades agropecuárias. No período analisado, por exemplo, a Amazônia perdeu 331.290 km² de cobertura vegetal devido ao desmatamento ilegal.

De acordo com Pablo Munhoz, diretor cientifico do relatório, a proposta é uma recomendação do programa ambiental da ONU aos países participantes da Rio+20 e está relacionada “ao bem-estar (…) e nos dá ideia em relação ao crescimento a longo prazo”, disse. “É importante medir os ativos, mas também é importante ver sua modificação ao longo do tempo”, explica. 

Apesar de registrar crescimento do PIB, China, Estados Unidos, África do Sul e Brasil aparecem com tendo esgotado significativamente seu capital base natural, a soma de um conjunto de recursos renováveis e não renováveis, como combustíveis fósseis, florestas e pesca. Durante o período avaliado, os recursos naturais per capita diminuíram em 33% na África do Sul, 25% no Brasil, 20% nos Estados Unidos e 17% na China. Das 20 nações pesquisadas, somente o Japão não sofreu diminuição do capital natural, devido a um aumento da cobertura florestal.

Se medido pelo PIB, que é o indicador mais comum para a produção econômica, as economias da China, Estados Unidos, Brasil e África do Sul cresceram respectivamente 422%, 37%, 31% e 24% entre 1990 e 2008. No entanto, quando seu desempenho é avaliado pelo IRI, as economias chinesas e brasileiras aumentaram apenas 45% e 18%. Os Estados Unidos cresceram apenas 13%, enquanto a África do Sul teve um decréscimo real de 1%.

O relatório se concentra na sustentabilidade das bases de recursos atuais  (1990 a 2008) e não analisa o resto dos séculos 19 e 20, quando muitos países desenvolvidos, seguindo um caminho de crescimento acelerado, podem ter esgotado o capital natural.

Clique aqui para baixar o relatório, em inglês.



FONTE: http://novo.maternatura.org.br

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