domingo, 1 de julho de 2012


PNUMA alerta que fundamentos ecológicos que apoiam a segurança alimentar estão em risco


O mundo precisa dar atenção urgente à manutenção e ao incentivo dos fundamentos ecológicos subjacentes que oferecem apoio à produção de alimentos, que enfrenta ameaças cada vez maiores pela ação humana, para ajudar a garantir a segurança alimentar de uma população em expansão, revela um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

O relatório, Evitando a fome no futuro: Fortalecendo a base ecológica da segurança alimentar por meio de sistemas alimentares sustentáveis, aponta que a segurança alimentar deve envolver os serviços ambientais fornecidos pela natureza para que os sete bilhões de habitantes do planeta tenham o que comer; uma população que, segundo estimativas, deve chegar a nove bilhões em 2050.

Ineficiências ao longo da cadeia de suprimento alimentar complicam ainda mais o desafio, e o relatório salienta que estima-se que um terço da comida produzida para o consumo humano é perdido ou desperdiçado, somando 1,3 bilhões de toneladas anuais.

O debate sobre a segurança alimentar, até agora, está largamente focado na disponibilidade, no acesso, na utilização e na estabilidade como os quatro pilares da segurança alimentar, mal tocando na base de recursos e nos serviços do ecossistema que apoiam todo o sistema alimentar.

O relatório pretende aumentar a consciência sobre esses cruciais aspectos ambientais, os quais têm sido prejudicados pela pesca predatória, o uso insustentável da água e outras atividades humanas. Também molda o debate no contexto da economia verde, promovendo práticas de produção e de consumo de alimentos que assegurem a produtividade sem prejudicar os serviços do ecossistema.
“O meio ambiente tem sido mais como uma reflexão tardia no debate sobre segurança alimentar,” disse o cientista chefe do PNUMA, Joseph Alcamo. “Esta é a primeira vez que a comunidade científica nos dá um quadro completo de como a base ecológica do nosso sistema alimentar não apenas é instável, mas também está sendo realmente prejudicada.”

Enquanto aponta os desafios atuais, o relatório também oferece um caminho delineado para o estabelecimento dos fundamentos ecológicos e para o aprimoramento da segurança alimentar. Faz recomendações para reprojetar sistemas agrícolas sustentáveis, mudanças de dieta e sistemas de armazenamento bem como novos padrões alimentares para reduzir o desperdício.

“A era da produção aparentemente interminável baseada na maximização de insumos como fertilizantes e pesticidas, minando reservas de água doce e terra arável fértil, assim como os avanços ligados à mecanização, está chegando ao limite, se é que já não o atingiu”, disse Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor executivo do PNUMA. “O mundo precisa de uma revolução verde, mas com V maiúsculo: uma revolução que compreenda melhor como se dá, de fato, o cultivo e a produção e alimentos em termos dos recursos naturais oferecidos por florestas, água doce e biodiversidade.”

O relatório, produzido em colaboração com outras organizações internacionais —incluindo o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), a Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), o Banco Mundial, o Programa Mundial de Alimentação (PMA) e o Instituto de Recursos Mundiais (WRI) — faz uma abordagem holística da análise do sistema alimentar. Onze cientistas e especialistas escreveram o relatório, cobrindo muitas áreas distintas do conhecimento, incluindo padrões de consumo alimentar, produção agrícola, pesca marinha e de água doce.

Descobriram que, enquanto a agricultura fornece 90% do consumo calórico total do mundo, e que a pesca mundial é responsável pelos outros 10%, esses setores de apoio à vida enfrentam muitas ameaças, todas exacerbadas por forças subjacentes como crescimento populacional, aumento de renda e mudanças de estilo de vida e de alimentação relacionadas à urbanização.

fonte: Instituto Carbono Brasil

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