quinta-feira, 25 de outubro de 2012


Abaixo-assinado mobiliza internautas pela causa dos índios Guaranis Kaiowás

Brasília - Cinco mil cruzes foram fincadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em um ato em defesa dos povos indígenas. Foto de José Cruz/ABr
Brasília – Cinco mil cruzes foram fincadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em um ato em defesa dos povos indígenas. Foto de José Cruz/ABr

.2012 – 15h09
Indígenas suspeitam que ataques possam ter sido de fazendeiros da região. (Foto: Wilson Dias / ABr)
Um abaixo-assinado divulgado na internet tem sensibilizado internautas a favor dos índios Guaranis Kaiowás, do Mato Grosso do Sul. Até o começo da tarde da quarta-feira (24), mais de 140 mil pessoas haviam assinado o documento, que alerta o “sério risco de  genocídio” da etnia e exige ação urgente do governo Dilma e do governador André Puccinelli “para que impeçam as matanças e junto com elas a extinção desse povo”.

O documento que recolhe as assinaturas apresenta também uma carta de socorro da comunidade indígena. O relato denuncia a morte de integrantes da comunidade e o desamparo assistencial. “Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram 4 mortos, sendo que 2 morreram por meio de suicídio, 2 em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas”. Profundamente afetados pela perda de boa parte de seu território, os indígenas declaram: “já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça Brasileira.”
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou nota negando a interpretação dada por veículos noticiosos e comentários em redes sociais de que a carta de socorro indicasse a intenção dos indígenas de realizar um “suicídio coletivo”. Segundo a entidade, trata-se da manifestação de resistência. “Eles falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais abandoná-las”, diz a nota.
A carta dos indígenas foi divulgada após a Justiça Federal determinar a saída de cerca de 30 famílias da etnia Guarani Kaiowá da aldeia Passo Piraju, onde viviam há dez anos em Porto Cambira, em Mato Grosso do Sul. A região é disputada por índios e fazendeiros. Em 2002, acordo mediado pelo Ministério Público Federal (MPF) em Dourados destinou 40 hectares da fazenda para a etnia. Porém, o proprietário da área recorreu à Justiça.
Cruzes no gramado da Esplanada dos Ministérios simbolizam índios mortos e ameaçados (Wilson Dias/ABr)
Segundo o Cimi, foram assassinados no país 503 índios entre 2003 e 2011. Do total, mais da metade, 279 são do povo Guarani Kaiowá. Na última sexta-feira (19), cinco mil cruzes foram colocadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, próximo ao Congresso Nacional, simbolizando os índios mortos e ameaçados, especialmente os Guaranis Kaiowás, que, de acordo com os organizadores do protesto, é a etnia que mais sofre com a violência fundiária. A manifestação foi organizada por comunidades indígenas e entidades de defesa e também reivindicou a homologação e demarcação das terras.
Veja reportagem do Outro Olhar sobre os Guaranis Kaiowás:

Matéria de Davi de Castro, da EBC, publicada pelo EcoDebate, 25/10/2012
fonte: ecodebate.com.br

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