Pesquisa: 90% acreditam que o clima se alterou nos últimos 20 anos
Por Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
Quando cientistas afirmam que os efeitos das mudanças climáticas já estão presentes no cotidiano das pessoas, alguns ainda duvidam. Porém, quando 73% das pessoas entrevistadas por uma pesquisa de opinião internacional alegam já ter observado as consequências do aquecimento global, isto é algo que deveria servir de alerta para os governos que relutam tanto em adotar políticas climáticas.
A pesquisa, realizada pelo grupo Ipsos a pedido da seguradora Axa, deixa claro que o tempo de dúvidas sobre as mudanças climáticas está ficando para trás, já que as pessoas estão vendo com os próprios olhos as transformações climáticas ao seu redor.
Das 13.500 pessoas ouvidas, 90% acreditam que o clima se transformou nos últimos 20 anos. Citando os efeitos mais claros dessa mudança, os entrevistados mencionaram alterações no padrão de chuva levando a enchentes (83%), o aumento das temperaturas (80%) e secas (78%).
A pesquisa foi conduzida nos seguintes países: Alemanha, Bélgica, Espanha, Estados Unidos, França, Hong Kong, Indonésia, Itália, Japão, México, Suíça e Turquia.
Com mais de 95% de aceitação, México, Hong Kong, Indonésia e Turquia foram as nações nas quais mais pessoas se dizem convencidas da realidade das mudanças climáticas. Mesmo nos Estados Unidos, onde os céticos possuem grande influência, 72% dizem que o clima está mudando.
A pesquisa revelou que a percepção das mudanças climáticas não é tão afetada por critérios socioeconômicos e sim pela localização geográfica. Os países tropicais, onde mais pessoas estão vulneráveis aos eventos climáticos extremos, mostram uma maior aceitação do que os europeus, por exemplo.
Para 75% dos entrevistados, já existem provas científicas das mudanças climáticas, sendo que, novamente, essa porcentagem sobe em regiões mais frequentemente afetadas por eventos extremos. Porém, mesmo em países onde a presença de céticos é maior, muitos já consideram que o aquecimento global está comprovado. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa fatia foi de 35% das pessoas.
A porcentagem dos que acreditam que a ciência já validou as mudanças climáticas é maior entre os jovens de 18 a 24 anos, 87%, e entre os com maior escolaridade, 79%.
Quando a questão é se o aquecimento global é resultado das atividades humanas, os países com mais pessoas que responderam sim foram Hong Kong (94%), Indonésia (93%), México (92%) e Alemanha (87%). As porcentagens foram menores, mas ainda acima da metade dos entrevistados, no Japão (78%), Reino Unido (65%) e Estados Unidos (58%).
No total, 82% dos entrevistados concordam que as mudanças climáticas são causadas pela humanidade e apenas 18% creem que o fenômeno seja resultado de fatores naturais.
Quanto às consequências sociais do aquecimento global, os entrevistados se mostraram bastante conscientes. Os efeitos mais citados foram os conflitos por comida e água (61%), a disseminação de doenças (57%) e as migrações humanas (54%).
Assim, a preocupação com as mudanças climáticas já aparece como algo que incomoda a maioria das pessoas. Quase 90% delas afirmaram que pensam no problema e 42% se dizem muito preocupadas.
Um em cada três entrevistados afirmou que as consequências do fenômeno já possuem impacto em seu conforto pessoal e outros 34% dizem que devem ser afetados em breve.
Além disso, 20% acreditam que as mudanças climáticas já prejudicam sua saúde, sendo que essa porcentagem chega a 47% na Turquia e Indonésia. Apenas 10% dos entrevistados dizem não enxergar as transformações no clima como uma ameaça para a saúde.
De uma forma geral, a pesquisa revela que as pessoas são otimistas quanto à possibilidade de soluções para as consequências das mudanças climáticas. Dos entrevistados, 89% dos Europeus, 78% dos norte-americanos e 84% dos asiáticos estão convencidos de que soluções existem.
Surpreendentemente, mesmo em países em desenvolvimento, a maioria das pessoas acredita que todos os governos devem agir para lidar com o problema.
Para 83% dos entrevistados, todos os países devem assumir esforços semelhantes, não importando o estágio de desenvolvimento. Apenas 17% acreditam que somente as nações ricas devem tentar resolver o problema.
Entretanto, quando perguntados quem deve ser mais responsável, os entrevistados colocam em primeiro lugar as nações ricas (92%), seguidas pelo setor de comércio e indústria (92%), economias emergentes (89%) e organizações internacionais como a ONU (87%). A importância de ações individuais aparece com 83%, os países em desenvolvimento com 79% e ONGs com 78%.
“Esta pesquisa mostra claramente que uma opinião pública internacional se formou no que diz respeito às mudanças climáticas: o fenômeno é uma realidade e provoca impactos e preocupações no cotidiano das pessoas”, concluem os autores.
fonte: www.plurale.com.br
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