sábado, 6 de outubro de 2012

Chuvas têm ligação direta com plantas na Amazônia, 
apontam estudos



Dois recentes artigos apresentam novas informações que comprovam a importância das florestas tropicais para produção e manutenção das chuvas em níveis continentais.


No primeiro estudo (Observations of increased tropical rainfall preceded by air passage over forests), publicado em setembro na revista “Nature”, pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e do Centro de Ecologia e Hidrologia do Conselho de Pesquisa Ambiental Britânico afirmam que o desmatamento pode causar uma grave redução das chuvas nos trópicos, com severas consequências para as pessoas, não só nesta região, mas em áreas vizinhas. 

De acordo com os autores, o ar que passa sobre grandes áreas de floresta tropical produz pelo menos duas vezes mais chuva do que o que se move através de áreas com pouca vegetação. Em alguns casos, florestas contribuem para o aumento de precipitação a milhares de quilômetros de distância. Considerando as estimativas futuras de desmatamento, eles afirmam que a destruição da floresta pode reduzir as chuvas na Amazônia em 21% até 2050 durante a estação seca.

“Nós descobrimos que as florestas na Amazônia e na República Democrática do Congo também mantêm a precipitação nas periferias destas bacias, ou seja, em regiões onde um grande número de pessoas depende dessas chuvas para sobreviver”, disse o autor do estudo, Dominick Spracklen, da Escola sobre a Terra e o Ambiente da Universidade de Leeds. “Nosso estudo sugere que o desmatamento na Amazônia ou no Congo poderia ter conseqüências catastróficas para as pessoas que vivem a milhares de quilômetros de distância em países vizinhos.”

O segundo estudo (Biogenic Potassium Salt Particles as Seeds for Secondary Organic Aerosol in the Amazon), foi publicado em 31 de agosto na revista "Science" por cientistas da USP e das Universidades de Berkeley e Harvard (nos Estados Unidos), além do Instituto Max Planck, na Alemanha. Ele afirma que na região da Amazônia, as plantas emitem sais de potássio que formam as nuvens, as quais abrigam as partículas aerossóis responsáveis por causar chuva. 

Segundo o professor de física da USP Paulo Artaxo, coordenador brasileiro do estudo, as chuvas na região Amazônica estão mais ligadas à floresta do que se imaginava. “Uma quantidade significativa das gotículas de chuva contém potássio, elemento de emissão direta das plantas, que não é formado na atmosfera”, explicou 

A pesquisa desmentiu o conceito anterior, de que os aerossóis responsáveis pelas chuvas eram gerados por reações químicas no ar. 

Segundo Artaxo, a descoberta adiciona um elemento à forma como a vida controla a formação da atmosfera e do clima no planeta. “Não é só através da fotossíntese e da respiração, não é só pela emissão dos gases de efeito estufa, mas também as partículas aerossóis são controladas por processos biológicos”, frisou.

O professor ainda salientou que o clima do planeta não é influenciado, apenas, através da fotossíntese, da respiração e pelas emissões dos gases de efeito estufa, “mas também as partículas aerossóis são controladas por processos biológicos”, afirmou.

Essa ligação entre as chuvas e as plantas não acontece em áreas de vegetação rasteira, a exemplo do Cerrado e da Caatinga, pois os sais de potássio são emitidos pelas árvores em crescimento. “A floresta tem um índice de área folhada muito maior do que as gramíneas”, analisou Artaxo. Portanto, a ação acontece em qualquer vegetação arbórea, mas não gramínea, aponta o estudo.


fonte: http://novo.maternatura.org.br

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