Publicação do Ibama aponta efeitos dos agrotóxicos sobre as abelhas silvestres no Brasil
Os estudos que o Ibama vem fazendo sobre o impacto dos agrotóxicos em polinizadores resultou na publicação de uma pesquisa que aborda os efeitos letais e subletais nas abelhas silvestres no Brasil. Entre outros aspectos, o trabalho aponta o declínio dos polinizadores, os agrotóxicos influentes em colônias de abelhas e o modo de ação em suas estruturas genéticas, além de sua correlação com as culturas agrícolas estudadas.
Foram observados desvios comportamentais que comprometem a divisão de trabalho, acarretam a desorientação, dificultando a localização do alimento e o retorno à colônia. Além de prejudicar o cuidado com as crias, o que compromete a sobrevivência das abelhas a longo prazo.
Duas regiões geográficas, na Bahia e no Paraná, apresentaram uma conjuntura que se mostrou interessante para o monitoramento. A cultura de tomate foi escolhida por ser recorrente nas duas regiões observadas. Outro fator preponderante para a escolha foram as grandes áreas de monocultura de soja nos dois estados, associadas à cultura de frutíferas como melão e maracujá. No caso da Bahia, houve um crescimento agrícola vertiginoso, mas ainda existem grandes áreas naturais passivas de serem usadas na apicultura.
Ao final, a pesquisadora apresenta uma proposta metodológica para monitoramento dos efeitos do ingrediente ativo clotianidina em duas espécies de abelhas nativas: Melipona quadrifaciata anthidiodes, na Bahia, e Melipona bicolor, no Paraná. São abelhas eusociais, ou seja, se organizam em colônias, são de ampla distribuição geográfica e criadas por um grande de número de apicultores.
A importância fundamental de polinizadores nas culturas agrícolas e na biodiversidade da flora em geral é objeto de estudo em todo o mundo e os resultados são preocupantes. Porém, a maioria das pesquisas são realizadas com a espécie europeia Apis mellifera. No Brasil, existe o híbrido africanizado que também é mais estudado. No entanto, o conhecimento sobre a ecologia e ecotoxicologia de abelhas nativas ainda é insipiente, por isso a importância do estudo agora desenvolvido.
A proposta metodológica de acompanhamento foi estabelecida pela pesquisadora Maria Cecília de Lima e Sá de Alencar Roja, da Universidade Federal da Bahia.
Ascom Ibama
foto: Marcelo Casimiro
foto: Marcelo Casimiro
fonte: EcoDebate.com.br
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