sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Valoração dos serviços ecossistêmicos começa a ganhar a agenda das empresas no Brasil

Do CEBDS
artigos e estudos
A valoração dos serviços ecossistêmicos – alimentos, água doce, fibras, produtos químicos, madeira, medicamentos, regulação do clima – começa a ganhar a agenda das grandes empresas no Brasil. É o que aponta a pesquisa “Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos: a experiência das empresas brasileiras”, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), lançada hoje, dia 15, na COP 11 (Conferência sobre Biodiversidade), na Índia.
O levantamento foi realizado este ano com 22 grandes empresas de 10 diferentes setores da economia (energia, serviços, mineração, papel e celulose, óleo e gás, holding multissetorial, agrícola, química, equipamentos e cosméticos).
O evento aconteceu na principal sala da Conferência e contou com a participação de 70 pessoas. Entre os palestrantes estavam o secretário-executivo Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani; e o secretário da Convenção sobre Diversidade Biológica, David Stuermann, além da vice-presidente do CEBDS, Mariana Meirelles; e da coordenadora da Câmara Temática de Biodiversidade e Biotecnologia do CEBDS, Fernanda Gimenes.
“Depois de se debruçar sobre inventários em temas como água e carbono, agora o setor empresarial começa a se aprofundar neste novo campo. As companhias que entenderem que a restauração e manutenção desses serviços são essenciais para o bom funcionamento dos seus processos e, de forma proativa, liderarem as discussões, apresentarão uma vantagem competitiva em relação a futuras regulamentações que impactarão o setor privado”, avalia a presidente executiva do CEBDS, Marina Grossi.

Já adotada por companhias como Alcoa, Petrobras, Vale, EBX e Votorantim, essa nova abordagem resulta em avaliações precisas do impacto e da dependência da atividade econômica em relação aos serviços ambientais, o que permite à empresa avaliar riscos e oportunidades em seus negócios. Os recursos naturais são reconhecidamente bens cada vez mais escassos e estratégicos. “Ao conhecer o real valor econômico de um ecossistema, uma empresa pode fazer, por exemplo, uma previsão de quanto irá realmente ter de prejuízo com a perda ou diminuição desse espaço”, explica Fernanda Gimenes, coordenadora da Câmara Temática de Biodiversidade e Biotecnologia do CEBDS. “Com isso, pode definir estratégias para a conservação desse serviço natural”, completa.

O principal fator que leva as empresas brasileiras a incorporar os serviços ecossistêmicos aos seus sistemas de gestão são as oportunidades para os negócios. No levantamento, “oportunidades de negócios” (90%) foi apontado como o principal fator motivacional para a incorporação dos serviços ambientais nos processos de planejamento e gestão, seguido pela “dependência dos negócios em relação aos serviços ecossistêmicos” (70%), “melhoria da imagem” (65%) e a “redução de riscos” (65%).

Das empresas participantes da pesquisa, 47% afirmaram ter realizado em 2012 a valoração dos serviços ecossistêmicos, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior. Por outro lado, o levantamento também indica que ainda há uma grande dificuldade de conscientização da alta administração das empresas sobre o tema. Na pesquisa de 2011 e na de 2012, o resultado é o mesmo, e mostra que a principal barreira para a avaliação dos serviços ecossistêmicos é a falta de entendimento da importância disso pelo alto escalão das companhias. Em segundo e terceiro lugar vêm o desconhecimento das ferramentas e a ausência de exigências regulatórias.

“Nesse sentido, o CEBDS tem um papel de vanguarda para a sensibilização do setor empresarial”, destaca Marina Grossi. Outro fator que deve favorecer a ampliação da utilização desta ferramenta é o lançamento a partir de 2013, pelo Global Reporting Initiative (GRI), da sua quarta geração (G4) de relatórios em sustentabilidade, atualmente aberta para consulta, na qual os serviços ecossitêmicos também serão contemplados.

Plano de Ação
A publicação apresenta estudos de casos de algumas empresas participantes. A Souza Cruz, por exemplo, criou uma ferramenta própria de avaliação de biodiversidade, chamada Biodiversity Risk and Opportunity Assesment, com o objetivo de identificar os impactos e dependências dos negócios na biodiversidade em paisagens agrícolas e produzir planos de ação e monitoramento. A empresa mapeou toda a sua área de interesse de manutenção da biodiversidade no Rio Grande do Sul. Para reforçar os resultados de conservação da floresta natural, a companhia também incentiva seus mais de 30 mil produtores parceiros a eliminar o uso de lenha obtida com espécies nativas.

Já a ETH Bioenergia identificou, através de imagens satélites, 10 áreas de maior relevância ecossistêmica, que apresentavam um alto grau de degradação, sendo ocupadas com pastagens de gado ou culturas que dificultavam o processo de regeneração natural. A empresa implementou então o programa de Conectividade de Fragmentos Florestais, em que foram desenvolvidas ações de intervenção para reflorestamento com espécies nativas. No total, o Programa já promoveu a recuperação de mais de 700 hectares de Reserva Legal (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APP) com 82 espécies da flora nativa. O estudo também apresenta cases do Banco do Brasil, Suzano, Caixa Econômica Federal, Grupo EBX, Cemig, Vale e Votorantim.

Sobre o CEBDS:
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil que lidera os esforços do setor empresarial para a implementação do desenvolvimento sustentável no Brasil, com efetiva articulação junto aos governos, empresas e sociedade civil. Fundada em 1997, reúne 76 grupos empresariais e representa no Brasil o World Business Council for Sustainable Development (WSBCD), organização global que conta com uma rede de mais de 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países. O CEBDS é integrante da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21; do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético; do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; do Fórum Carioca de Mudanças Climáticas, do Comitê Gestor do Plano Nacional de Consumo Sustentável e do Conselho Mundial da Água.
fonte: plurale.com.br

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