Nordeste vai usar tecnologia de mudas de clones no combate aos efeitos da seca
Muda clonada da Bioclone
A produção de mudas clonadas por biofábricas faz parte do financiamento de R$ 114 milhões não reembolsáveis anunciado pelo governo federal, que incluem ainda o apoio para barragens subterrâneas e kits de irrigação. A tecnologia das mudas clonadas possibilita a introdução de espécies de alta produtividade, isentas da transmissão de pragas e pode induzir a sincronização da colheita.
O recurso foi anunciado pelo Ministério da Integração Nacional e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) com o objetivo de beneficiar produtores inscritos no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), que serão selecionados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A meta é de atender famílias de todos os estados do Nordeste e Norte de Minas Gerais.
O Ministério da Integração Nacional informa que a parceria prevê a implantação de cinco biofábricas em Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. O Ceará não foi citado. O Estado possui uma empresa que produz mudas clonadas, a BioClone, instalada no Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza. O Bioclone, que recebeu o Prêmio Finep de Inovação em 2011 na região Nordeste, tem capacidade instalada para a produção de 1,5 milhão e 2 milhões de mudas por ano, informa diretor Roberto Caracas de Araújo Lima.
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Roberto Caracas de Araújo Lima |
O financiamento prevê ainda a construção de 2.775 barragens subterrâneas, que armazenam água da chuva no subsolo, e de 2.551 kits de irrigação - usados em terrenos de 2 hectares, compostos por mangueiras, tubos de PVC, tubo gotejador, bombas, válvulas e caixas d'água. A agricultura familiar vai absorve este ano cerca de 40% da produção de mudas clonadas da Bioclone, informa Caracas, que questiona se é papel do governo implantar biofábricas nos cinco estados, numa alusão a que a medida cabe à iniciativa privada.
Roberto Caracas observa que tem grande aceitação pelo pequeno produtor a tecnologia das mudas clonadas que veio para ficar, pois contribui para dar um salto de qualidade na produção. Esta tecnologia, segundo ele, antes era de difícil acesso para os produtores, que tinham de importar as mudar do Sudeste ou de outro país. O carro chefe da procura na Bioblone é de mudas de banana, seguido por cana de açúcar, que tente a crescer mais em 2013, abacaxi e agora também flores tropicais e. A empresa já aclimatou e começou a comercializar as primeiras mudas de clone de orquídea.
Fundada em 2008, a Bioclone é uma empresa S.A. (Sociedade por Ações ou Sociedade Anônima) de capital fechado, através do aporte de capital do Fundo Criatec, que recebeu aporte de recursos do Bndes e BNB. O Criatec, um Fundo de Investimentos de capital semente destinado à aplicação em empresas emergentes inovadoras, é mantido por um consórcio de prestadores de serviços formado entre Antera Gestão de Recursos S.A. e o Grupo Instituto Inovações S.A. (que controla a Inseed Investimentos Ltda.).
A tecnologia da micropropagação adotada pela Bioclone foi gerada pela Embrapa Agroindústria Tropical. Difundida entre as agroindústrias dos Estados Unidos e de países europeus, as biofábricas produzem mudas in vitro, que possibilitam o desenvolvimento de plantas mais saudáveis e uniformes, de modo mais rápido que pelos métodos convencionais. O resultado são matrizes mais produtivas e resistentes a pragas. A tecnologia pode ser empregada na produção de plantas ornamentais, mas também de batata, banana, abacaxi, eucalipto, pínus, cana-de-açúcar e outras plantas de valor econômico.
Já as chamadas barragens subterrâneas permitem o armazenamento da água da chuva no subsolo, auxiliando a produção de alimentos no período de estiagem. Sua construção consiste na escavação de uma vala até se chegar à camada impermeável do solo. Uma das paredes é coberta com lona plástica ou barro batido (argila compactada). Depois, o solo retirado é recolocado. A função da lona ou do barro batido é reter a água no solo.
Os kits de irrigação, por sua vez, são compostos por mangueiras, tubos de PVC, tubo gotejador, bombas, válvulas e caixas d’água, entre outros componentes. Um reservatório de 1.000 litros é suficiente para irrigar uma área de 500 metros quadrados. (Com informações da Bioclone, Bndes e Ministério da Integração Nacional).
fonte: desimbloglio.blogspot.com.br
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