Expansão urbana global prejudicará 205 espécies de animais, até 2030
Até 2030, investimentos em infraestrutura, como estradas e pontes, devem acelerar a urbanização em todo o mundo, causando grandes impactos sobre a biodiversidade e aumento da emissão de gases de efeito estufa. O alerta é de pesquisadores de três universidades americanas: Yale, Texas A&M e Boston. Eles publicaram na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), no dia 17 de setembro, o artigo “Global forecasts of urban expansion to 2030 and direct impacts on biodiversity and carbon pools”, com a projeção e os impactos do crescimento das cidades para as próximas duas décadas.
O estudo utilizou dados de diversas instituições, entre elas a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).
Segundo a projeção dos pesquisadores, existe uma grande possibilidade (mais de 75% de chances) de 1,2 milhões de quilômetros quadrados de área – equivalente ao dobro do tamanho do estado da Bahia - serem urbanizadas nos próximos 18 anos. Isso significa que as cidades podem crescer 185%, entre os anos 2000 e 2030.
A pesquisa afirma que ao menos 15% da Mata Atlântica e 2,5% do Cerrado estariam ameaçados por novos aglomerados urbanos. Para a Mata Atlântica, um dos biomas do planeta mais afetados pelas cidades, a previsão é a urbanização crescer 160% nas primeiras três décadas do século.
Um dos resultados dessa expansão é um risco ainda maior para animais já ameaçados. A pesquisa levou em conta espécies encontradas nos sites da Aliança para a Extinção Zero, que indica áreas onde existem animais em perigo de serem extintos. Segundo o estudo, pelo menos uma em quatro espécies encontrados nessas áreas podem ser afetadas pela urbanização, se medidas sustentáveis não forem adotadas.
No total, são 205 espécies sob risco: 139 anfíbios, 41 mamíferos e 25 pássaros, hoje, considerados Criticamente Ameaçados ou Ameaçados na Lista Vermelha da IUCN. Só no continente americano, 134 espécies de animais ameaçados devem ser afetados pela urbanização.
Segundo o estudo, a urbanização de novas áreas deve emitir o equivalente a 5% das emissões de carbono provocadas pelo desmatamento e mudanças no uso do solo. Atualmente, a derrubada e a degradação de florestas correspondem entre 6% e 17% das emissões de carbono antropogênicas.
A urbanização, de acordo com os pesquisadores, ainda é uma questão local, mas as análises que eles fizeram demonstram que ela causa impactos globais sobre a biodiversidade e emissão de carbono. “'Temos de reconsiderar a política de conservação e o que se considera uma cidade sustentável”, diz Burak Güneralp, um dos autores e professor assistente na Universidade Texas A&M. Ele acredita que prefeitos e administradores precisam considerar como a expansão urbana vai afetar outras espécies e o valor destas espécies para a atual e para as futuras gerações de seres humanos.
“O mundo experimentará uma expansão urbana pela construção de cidades sem precedentes nas próximas duas décadas”, afirma Karen Seto, da Universidade de Yale e autora principal do estudo. “As mudanças ambientais e sociais associadas a ela serão enormes, mas ainda temos oportunidades”, completa. Para os pesquisadores, é preciso adotar práticas sustentáveis, como redução de gastos de energia e capacidade de enfrentar situações imprevistas, no planejamento das cidades.
A partir da análise, os especialistas afirmam que é preciso desenvolver projetos sustentáveis para os próximos 28 anos, o que evitaria um grande impacto ao meio ambiente e às futuras gerações humanas.
Serão gastos ao menos US$ 25 trilhões (cerca de R$ 50 trilhões) em infraestrutura em todos os países, sendo que somente a China investirá US$ 100 bilhões por ano. Entretanto, o estudo prevê que 48 dos 221 países deverão ter crescimento insignificante nos próximos anos.
Aliás, a Ásia será responsável por metade desses investimentos. Somente China e Índia vão consumir 55% do montante total aplicado na região. Os dois países já elaboraram planos de expansão ousados, que destruirão vilas e aldeias para transformá-las em grandes metrópoles. Na Índia, por exemplo, regiões próximas ao Himalaia deverão se tornar, no futuro, em áreas com grande densidade populacional.
Na África, segundo os pesquisadores, a taxa de desenvolvimento deverá ser 590% maior se comparada à velocidade do ano 2000. Essa expansão urbana se concentrará na Guiné, no Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Nigéria e Etiópia.
Na América do Norte, onde 78% da população já vive em áreas urbanas, a ocupação do solo deverá dobrar de tamanho em 2030. Porém, apesar do crescimento, os cientistas alertam para impactos significativos sobre a biodiversidade no mundo.
Clique aqui para ter acesso ao documento, na íntegra (em inglês).
Até 2030, investimentos em infraestrutura, como estradas e pontes, devem acelerar a urbanização em todo o mundo, causando grandes impactos sobre a biodiversidade e aumento da emissão de gases de efeito estufa. O alerta é de pesquisadores de três universidades americanas: Yale, Texas A&M e Boston. Eles publicaram na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), no dia 17 de setembro, o artigo “Global forecasts of urban expansion to 2030 and direct impacts on biodiversity and carbon pools”, com a projeção e os impactos do crescimento das cidades para as próximas duas décadas.
O estudo utilizou dados de diversas instituições, entre elas a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).
Segundo a projeção dos pesquisadores, existe uma grande possibilidade (mais de 75% de chances) de 1,2 milhões de quilômetros quadrados de área – equivalente ao dobro do tamanho do estado da Bahia - serem urbanizadas nos próximos 18 anos. Isso significa que as cidades podem crescer 185%, entre os anos 2000 e 2030.
A pesquisa afirma que ao menos 15% da Mata Atlântica e 2,5% do Cerrado estariam ameaçados por novos aglomerados urbanos. Para a Mata Atlântica, um dos biomas do planeta mais afetados pelas cidades, a previsão é a urbanização crescer 160% nas primeiras três décadas do século.
Um dos resultados dessa expansão é um risco ainda maior para animais já ameaçados. A pesquisa levou em conta espécies encontradas nos sites da Aliança para a Extinção Zero, que indica áreas onde existem animais em perigo de serem extintos. Segundo o estudo, pelo menos uma em quatro espécies encontrados nessas áreas podem ser afetadas pela urbanização, se medidas sustentáveis não forem adotadas.
No total, são 205 espécies sob risco: 139 anfíbios, 41 mamíferos e 25 pássaros, hoje, considerados Criticamente Ameaçados ou Ameaçados na Lista Vermelha da IUCN. Só no continente americano, 134 espécies de animais ameaçados devem ser afetados pela urbanização.
Segundo o estudo, a urbanização de novas áreas deve emitir o equivalente a 5% das emissões de carbono provocadas pelo desmatamento e mudanças no uso do solo. Atualmente, a derrubada e a degradação de florestas correspondem entre 6% e 17% das emissões de carbono antropogênicas.
A urbanização, de acordo com os pesquisadores, ainda é uma questão local, mas as análises que eles fizeram demonstram que ela causa impactos globais sobre a biodiversidade e emissão de carbono. “'Temos de reconsiderar a política de conservação e o que se considera uma cidade sustentável”, diz Burak Güneralp, um dos autores e professor assistente na Universidade Texas A&M. Ele acredita que prefeitos e administradores precisam considerar como a expansão urbana vai afetar outras espécies e o valor destas espécies para a atual e para as futuras gerações de seres humanos.
“O mundo experimentará uma expansão urbana pela construção de cidades sem precedentes nas próximas duas décadas”, afirma Karen Seto, da Universidade de Yale e autora principal do estudo. “As mudanças ambientais e sociais associadas a ela serão enormes, mas ainda temos oportunidades”, completa. Para os pesquisadores, é preciso adotar práticas sustentáveis, como redução de gastos de energia e capacidade de enfrentar situações imprevistas, no planejamento das cidades.
A partir da análise, os especialistas afirmam que é preciso desenvolver projetos sustentáveis para os próximos 28 anos, o que evitaria um grande impacto ao meio ambiente e às futuras gerações humanas.
Serão gastos ao menos US$ 25 trilhões (cerca de R$ 50 trilhões) em infraestrutura em todos os países, sendo que somente a China investirá US$ 100 bilhões por ano. Entretanto, o estudo prevê que 48 dos 221 países deverão ter crescimento insignificante nos próximos anos.
Aliás, a Ásia será responsável por metade desses investimentos. Somente China e Índia vão consumir 55% do montante total aplicado na região. Os dois países já elaboraram planos de expansão ousados, que destruirão vilas e aldeias para transformá-las em grandes metrópoles. Na Índia, por exemplo, regiões próximas ao Himalaia deverão se tornar, no futuro, em áreas com grande densidade populacional.
Na África, segundo os pesquisadores, a taxa de desenvolvimento deverá ser 590% maior se comparada à velocidade do ano 2000. Essa expansão urbana se concentrará na Guiné, no Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Nigéria e Etiópia.
Na América do Norte, onde 78% da população já vive em áreas urbanas, a ocupação do solo deverá dobrar de tamanho em 2030. Porém, apesar do crescimento, os cientistas alertam para impactos significativos sobre a biodiversidade no mundo.
Clique aqui para ter acesso ao documento, na íntegra (em inglês).
Nenhum comentário:
Postar um comentário