quarta-feira, 31 de outubro de 2012


Pântanos e mangues estão na mira dos créditos de carbono

Maria Fernanda Ziegler, enviada especial a Cancún | 02/12/2010
Foto: AFP
Mangue em Cancún, onde acontece a Cúpula Climática: ecossistemas também absorvem carbono significativamente
Uma nova forma de ganhar créditos de carbono está surgindo e neste caso países desenvolvidos poderiam ser beneficiados. É o carbono azul, a absorção de carbono por vegetações costeiras como mangues, pântanos e vegetação marinha. O estudo foi apresentado na quarta-feira (2) na Conferência do Clima em Cancún e já prevê mecanismos para entrar no mercado de carbono. Seria a chance de países desenvolvidos figurarem como vendedores de créditos de carbonose não como compradores.

“Tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento poderiam ser beneficiados, visto que há mais pântano em países desenvolvidos e mangues na Indonésia, por exemplo ”, disse Dorothéé Herr, do escritório de programa marinho da União Internacional para Conservação da Natureza (na sigla em inglês, IUCN).
O sequestro de carbono por parte da vegetação costeira funciona da seguinte forma: o ecossistema costeiro é capaz de transferir carbono da atmosfera e do oceano para sedimentos, onde ele fica estocado por séculos. É o princípio da fotossíntese, quando plantas processam dióxido de carbono (CO2) e água em compostos orgânicos e produz oxigênio (O2). Com isto elas contribuem também para que a atmosfera, que está com níveis recordes de gases causadores do efeito estufa – incluindo principalmente o dióxido de carbono – reduza tais índices. 
Estes sistemas não são contabilizados em mercado de carbono. De acordo com Emily Pidgeon, do Programa Marinho sobre Mudanças Climáticas da ONG Conservação Internacional, embora seja ainda muito difícil mensurar a capacidade do oceano em absorver carbono, não dá para deixar de fora deste mercado 90% da cobertura do planeta. “Para mim, parece natural que ele seja incluído no programa de mitigação das mudanças climáticas”, disse. 

O estudo afirma que o total de carbono depositado por quilômetro quadrado no sistema costeiro pode ser cinco vezes maior que o carbono estocado nas florestas tropicais, o que resultaria no sequestro de até 50 vezes superior ao das florestas tropicais.
“Ao entrar no mercado de carbono, seria possível criar mecanismos para mitigar as mudanças climáticas pela conservação e reestruturação do ecossistema costeiro”, disse Emily.
fonte: ultimosegundo.ig.com.br

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