Garimpo ilegal localizado no meio da floresta amazônica, na fronteira entre a Bolívia e Brasil (Foto: Jorge Silva/Reuters)
Análise genética feita em árvores por pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido aponta que muitas espécies existentes na Amazônia continental conseguiriam sobreviver aos efeitos mudança climática causada pela atividade humana, aponta estudo divulgado nesta quinta-feira (13) no periódico científico “Ecology and Evolution”.
Um sequenciamento genético feito em espécies de árvores encontradas no bioma conseguiu detectar mutações que datam de 8 milhões de anos. Tais evoluções encontradas indicaram que as árvores sobreviveram a períodos anteriores com alta temperatura global, comparados àqueles que podem ser registrados futuramente no planeta devido às emissões de gases-estufa – conforme previsão do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês).
No entanto, incêndios florestais provocados e a superexploração de recursos naturais ameaçam o futuro do bioma, que cobre uma extensão de 7,8 milhões de km² e abrange nove países da América do Sul (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela).
De acordo com pesquisadores, durante o período Mioceno (entre 11,5 milhões a 5,3 milhões de anos atrás) as temperaturas que atingiram a região amazônica se aproximavam à projeção do IPCC para 2100, utilizando o pior cenário de fortes emissões de carbono.
Relatório do grupo divulgado em 2007 aponta para uma alta de 6,4 ºC se a população e a economia continuarem crescendo rapidamente e se for mantido o consumo intenso dos combustíveis fósseis (pior cenário).
Isso poderia causar secas extremas no bioma e um fenômeno chamado de savanização, quando a floresta mudaria de perfil, com uma existência maior de plantas que conseguem sobreviver a altas temperaturas (seleção natural), assim como aquelas que já existem no cerrado brasileiro.
Maior proteção contra ação humana
Os cientistas analisaram 12 espécies de árvores existentes em regiões do Panamá e Equador. Além disso, foram usadas amostras encontradas no Brasil, Peru, Guiana Francesa e Bolívia.
Os cientistas analisaram 12 espécies de árvores existentes em regiões do Panamá e Equador. Além disso, foram usadas amostras encontradas no Brasil, Peru, Guiana Francesa e Bolívia.
Christopher Dick, autor do estudo e professor da Universidade Michigan, nos EUA, afirma que a pesquisa fornece evidências de que as árvores da Amazônia que já enfrentaram temperaturas altas podem até tolerar, a curto prazo, mudanças ambientais futuras
No entanto, Simon Lewis, University College London e da Universidade Leeds, ambas britânicas, que também participou do estudo, adverte que a sobrevivência dessas espécies às alterações climáticas dependerá de uma maior proteção da floresta, que enfrenta forte influência humana – o que não acontecia há milhões de anos. Por conta disto, pede uma maior política de conservação para combater o desmatamento voltado à agricultura ou mineração.
“Nós também precisamos de ações mais agressivas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com o intuito de minimizar o risco da seca e impactos das queimadas, além de garantir o futuro da maioria das espécies amazônicas”, explica o pesquisador em comunicado.
Desmate avança na Amazônia sul-americana em 10 anosEntre 2000 e 2010, a Amazônia continental perdeu o total de 240 mil km² devido ao desmatamento, o equivalente a uma Grã-Bretanha, de acordo com dados reunidos pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciadas (RAISG), divulgados por 11 organizações não governamentais.
É como se, em 11 anos, “sumisse do mapa” área equivalente a quase seis vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro. Os números integram o documento “Amazônia sob pressão”, que reúne informações sobre a degradação registrada ao longo da última década na região englobada pelo bioma.
No período, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3% no território amazônico).
É como se, em 11 anos, “sumisse do mapa” área equivalente a quase seis vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro. Os números integram o documento “Amazônia sob pressão”, que reúne informações sobre a degradação registrada ao longo da última década na região englobada pelo bioma.
No período, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3% no território amazônico).
Apesar do número alto, nos últimos anos o Ministério de Meio Ambiente tem divulgado redução na degradação da Amazônia Legal (que abrange nove estados do país). No fim de novembro, o governo divulgou que o desmatamento teve o menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.
De acordo com dados do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).
De acordo com dados do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).
Ameaças e pressões
Sobre a influência humana na floresta amazônica, o documento divulgado por ONGs afirma que todas as sub-bacias do bioma foram afetadas por algum tipo de ameaça ou pressão -- construção de estradas, exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, implantação de garimpos para mineração, desmatamento e queimadas.
Sobre a influência humana na floresta amazônica, o documento divulgado por ONGs afirma que todas as sub-bacias do bioma foram afetadas por algum tipo de ameaça ou pressão -- construção de estradas, exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, implantação de garimpos para mineração, desmatamento e queimadas.
Em relação à construção de estradas, o documento diz que planos para conectar os oceanos Atlântico ao Pacífico aceleram a pressão sobre a Amazônia, e que o Peru e a Bolívia são os países que detêm o maior número de rodovias construídas no meio da floresta.
O relatório aponta também que em toda a Amazônia existem 171 hidrelétricas em operação ou em desenvolvimento, além de 246 projetos em estudo. No caso da mineração, as zonas de interesse somam 1,6 milhão de km² (21% do território do bioma), em especial na Guiana. Sobre a exploração de petróleo e gás, atualmente existem 81 lotes sendo explorados, mas há outros 246 que despertam interesse da indústria petrolífera.
Referente às queimadas, o relatório diz que o sudeste da Amazônia, entre o Brasil e a Bolívia, concentra a maior quantidade de focos de calor -- a região recebe o nome de "arco do desmatamento". Esta faixa territorial vai de Rondônia, passando por Mato Grosso, até o Pará.
Referente às queimadas, o relatório diz que o sudeste da Amazônia, entre o Brasil e a Bolívia, concentra a maior quantidade de focos de calor -- a região recebe o nome de "arco do desmatamento". Esta faixa territorial vai de Rondônia, passando por Mato Grosso, até o Pará.
fonte: G1
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