sexta-feira, 7 de setembro de 2012


Governos ainda fazem pouco para controlar mudanças climáticas, afirma pesquisa

“As evidências mostram claramente que é uma questão de vontade política – não viabilidade tecnológica.” É assim que Bill Hare, diretor do Climate Analytics, define a falta de ação para conter as mudanças climáticas. E segundo a atualização do Rastreador de Ação Climática (CAT), projeto conjunto do Climate Analytics, Ecofys e Instituto Potsdam (PIK), é essa falta de atitude que poderá impedir que o aquecimento global seja limitado a 2ºC.

De acordo com o relatório, divulgado nesta terça-feira (4) nas negociações climáticas de Bangcoc, a falta de iniciativa dos governos e o não cumprimento de suas promessas climáticas poderão fazer com que as temperaturas aumentem mais de 3ºC até o final do século, embora ainda seja possível limitar o aquecimento a 2ºC – ou até a 1,5ºC.
“Se os governos não tomarem mais atitudes além das promessas atuais dentro do contexto do processo climático da ONU, a temperatura média global aumentará em até 2,6-4,1 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais até 2100. Se as promessas não forem atingidas, o aquecimento será ainda maior”, comentou Hare.
O documento sugere que não é apenas o ‘business as usual’ que impedirá a limitação do aumento das temperaturas, mas também os fracos acordos climáticos que existem atualmente. E mesmo estes pactos muitas vezes não estão sendo cumpridos, diz o estudo.
“Nossa análise mostra que não é o número de promessas governamentais que farão a diferença, é o tamanho das promessas já existentes. Não estamos enfrentando um 'déficit de participação' aqui – é um déficit de ambição”, observou Niklas Höhne, diretor de políticas climáticas e energéticas da Ecofys.
Embora o CAT admita que ocorreu certo progresso na implementação de propostas de redução de emissões, ele afirma que muitas destas propostas ainda são muito tímidas. Além disso, há também muitos países que, apesar de prometerem mitigar o aquecimento global, apresentam dados que não correspondem a uma real redução nas emissões.
Um exemplo disso é o Canadá, que segundo o relatório, apresentou recentemente estatísticas que não atendem as suas propostas e que deixam uma série de perguntas sobre suas emissões sem resposta. Enquanto o governo canadense declara que está na metade do caminho para atingir suas metas, por exemplo, os dados mostram que, na verdade, apenas um terço dos objetivos foi cumprido.
 Já os dados de emissões sobre uso da terra, mudança no uso da terra e florestas (LULUCF) são imprecisos e não indicam quais normas de contagem de emissões são utilizadas. Além disso, o país usa informações e mensurações atuais com projeções antigas, o que faz os dados climáticos parecerem melhores. Por fim, o Canadá também começou a utilizar uma metodologia usada apenas por países em desenvolvimento.
“A metodologia que o Canadá usa em seu relatório sugere que o governo está implementando políticas reais de descarbonização – mas na verdade as melhorias são em grande parte um conjunto de regras de contabilidade. Medidas para evitar o aumento das emissões de areias betuminosas poderiam levar o Canadá a quase atingir suas promessas”, explicou Marion Vieweg, analista de políticas do Climate Analytics.
Além destas questões, o documento também trata da continuidade ou não do Protocolo de Quioto e das desvantagens das condições que certos países, como a Austrália e a Suíça, estão colocando para implementar propostas climáticas.
“Embora governos como a Austrália digam que querem que todos aumentem suas promessas, impor condições para suas próprias promessas na verdade diminui a probabilidade de suas realizações”, concluiu Vieweg.
Imagem: Ecofys

fonte; www.institutocarbonobrasil.org.br


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