Mais de 170 países se reúnem para Congresso Mundial de Conservação
Autor: Jéssica Lipinski -
Entre os dias seis e 15 de setembro, mais de oito mil pessoas de 170 países se encontrarão noCongresso Mundial de Conservação da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) para debater os problemas e as possíveis soluções para as mais importantes questões ambientais do planeta.
O evento, que acontece a cada quatro anos, está ocorrendo em Jeju, a maior ilha da Coreia do Sul e um dos Patrimônios Naturais da Humanidade. O congresso reúne organizações governamentais e não governamentais, cientistas, empresas e líderes comunitários de todo o mundo para analisar como a natureza fornece ou pode fornecer soluções para a maioria de nossos problemas.
“A natureza é inerentemente forte, mas devemos aumentar a rapidez com que ela e as pessoas se adaptam às mudanças. Se fortalecermos a natureza, veremos que os ecossistemas serão mais resistentes, e as pessoas, comunidades e economias serão mais saudáveis”, afirmou Julia Marton-Lefèvre, diretora geral da IUCN.
Entre os diversos temas em pauta estão a Lista Vermelha da IUCN de Espécies Ameaçadas, a crescente ameaça aos ecossistemas, a necessidade dos países de assumirem verdadeiramente suas promessas a respeito da proteção dos oceanos, a maior participação da sociedade na conservação (em particular as comunidades indígenas), a melhoria do padrão para classificar os Patrimônios Naturais da Humanidade e a apresentação de dados atuais sobre a destruição de corais.
Para ajudar a resolver esses problemas, uma das alternativas apontadas pela ONU é a criação de mais reservas naturais. Segundo um relatório da organização lançado na sexta-feira (7) no encontro, uma área mais de duas vezes maior do que a Argentina deve ser designada para novas reservas naturais terrestres se quisermos evitar uma perda desastrosa de espécies.
Para a preservação das espécies oceânicas, uma área maior do que a Austrália precisaria ser colocada sob proteção. E apesar de o documento apontar que já houve avanço nesse sentido, já que de 1990 a 2010 a quantidade de áreas terrestres e marinhas preservadas aumentou de 8,8% e 0,9% para 12,7% e 4%, respectivamente, ainda há muito a ser feito para alcançar a meta de 2020 de proteger 17% das áreas terrestres e 10% das áreas marinhas.
“As áreas protegidas têm contribuído significativamente para a conservação da biodiversidade mundial e sua cobertura e efetividade são vitais para um planeta e comunidades prósperos no futuro. Essas ricas áreas naturais são muito importantes para as pessoas, que dependem delas para a alimentação e água limpa, regulação climática e redução dos impactos de desastres naturais”, comentou Marton-Lefèvre.
E para que tais objetivos sejam alcançados e para que iniciativas comecem imediatamente, Rachel Kyte, vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, declarou que grupos de conservação, governos e empresas devem trabalhar juntos, e não verem-se como inimigos, como ocorre frequentemente.
“A necessidade de ação está superando a esclerose política global. As companhias que trabalham em países em desenvolvimento estão cada vez mais investindo em conhecimento em biodiversidade, no desenvolvimento comunitário, na restauração ambiental e na capacidade de conservação em longo prazo”, observou Kyte.
Além das discussões, no Congresso Mundial de Conservação também ocorrerão muitos anúncios de acordos para iniciativas e parcerias, que visam ajudar e melhorar a conservação e o desenvolvimento de comunidades que dependem diretamente da natureza pra sobreviver.
Uma dessas iniciativas é o Programa de Biodiversidade e Manejo de Áreas Protegidas (BIOPAMA), uma ação conjunta da IUCN, da Comissão Europeia (CE) e da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento (GIZ), que tem como objetivo beneficiar áreas ameaçadas da África, Caribe e Pacífico.
O programa, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), é um esforço de €20 milhões para desenvolver nas três regiões a conservação da biodiversidade. Através da iniciativa, serão fornecidas qualificações, ferramentas, treinamento e informação para gestores de conservação, políticos, indígenas, comunidades locais, instituições, universidades e setor privado.
Isso permitirá que as áreas protegidas dessas regiões sejam administradas mais eficientemente e que sejam obtidos benefícios disso. O BIOPAMA pretende contribuir, através do fornecimento de suporte técnico, para melhorar a implementação de políticas globais e nacionais de preservação natural com base em três objetivos: conservação, uso sustentável e compartilhamento dos benefícios dos recursos utilizados.
“Conservar e valorizar melhor nossa biodiversidade pode ajudar a reduzir a pobreza e fornecer benefícios para o desenvolvimento local e nacional. O BIOPAMA ajudará, por exemplo, a fornecer gestores para áreas protegidas e para a conservação com as qualificações, conhecimento e redes que eles precisam para conservar a biodiversidade, por sua vez beneficiando as diversas comunidades da região”, concluiu Grethel Aguilar, diretora do Escritório Regional da IUCN na América Central.
FONTE: www.institutocarbonobrasil.org.br
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