domingo, 7 de julho de 2013

Banco de proteínas muda a sorte de produtores rurais

casos e causos

Por Sandra Monteiro, da Agência Sebrae de Notícias
De Natal (RN)
Mesmo com registros recentes de chuvas, O Semiárido Nordestino ainda sofre as consequências da maior estiagem dos últimos cinquenta anos. No entanto, no Rio Grande do Norte a adoção de medidas simples em propriedades rurais atendidas pelo projeto Sebrae no Semiárido mostra que é possível transformar cenários desoladores em ambientes propícios à sobrevivência do homem do campo e ao desenvolvimento dos negócios rurais. O cultivo de espécies resistentes à seca garante alimentação abundante e manutenção do rebanho de caprinos e ovinos.

A criação do banco de proteínas, como é denominado o cultivo de espécies para produzir forragem com melhor valor nutritivo aos animais, além de uma experiência exitosa é um alento para produtores rurais como Ana Lúcia da Silva, moradora do projeto de Assentamento Paraíso, na zona rural de Apodi, na Região Oeste Potiguar. Com um rebanho superior a 200 caprinos, Ana Lúcia conta que a medida ajudou a salvar os animais no período mais crítico da estiagem.
Em uma área pequena, ela cultiva espécies como a leucena, flor de seda, moringa e palma, e produz feno suficiente para alimentar todo o rebanho durante o ano inteiro. “Estou muito feliz com os resultados. Passamos a seca toda cultivando as plantas e produzindo o feno e não perdemos nenhum animal. Antes do projeto, não sabia que podia usar essas plantas para alimentar os animais e agora tudo é aproveitado”, enfatiza Ana Lúcia da Silva.
O alimento em abundância é uma novidade para a produtora. Ela conta que anteriormente, durante o período de gestação dos animais, faltava alimentação e, além de magros, muitos animais não resistiam. Atualmente, o feno, rico em proteínas e produzido pelos próprios criadores, ajuda na manutenção da atividade leiteira e de corte. “Estamos com várias cabras que pariram agora e a produção do leite fica menor. Mas, quando voltar ao normal, vamos tirar pelo menos uns 30 litros de leite, pois graças à orientação que recebemos, temos alimento de sobra para alimentar o rebanho todo”, acrescenta o produtor Evandro Nascimento.
Com atuação nos municípios do interior do Rio Grande do Norte, o projeto Sebrae no Semiárido teve início em outubro de 2012 e atende a 1,8 mil produtores. Desenvolvida pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, a ideia pioneira será disseminada nos demais estados do Nordeste, por meio das unidades do Sebrae.
Ações como a instalação do banco de proteínas poderiam ser melhor utilizadas, mas a falta de conhecimento impede a disseminação de práticas simples e exitosas. De acordo com o co-gestor do projeto Sebrae no Semiárido, Valdemar Belchior, muitos produtores, mesmo dispondo de estrutura necessária como área irrigada e vegetação, não conseguem reverter o cenário negativo causado pela seca.“Constatamos que há muita falta de conhecimento por parte dos produtores. Existem propriedades rurais com potencial para produzir alimento, reduzir gastos, mas falta conhecimento aos proprietários. O projeto está ajudando muito nesse sentido, mostrando que é possível conviver melhor com a estiagem”, avalia.
Consultoria e orientação
Para reverter o quadro de desinformação entre os produtores rurais, o projeto Sebrae no Semiárido desenvolve uma série de consultorias. As orientações técnicas, que atendem desde a área de gestão do empreendimento rural ao manejo correto dos plantios, aliam teoria e prática. “Passamos orientações acerca de todos os aspectos que envolvem a propriedade rural, seja na área de gestão, manejo, nutrição e também genética animal. É assim que estamos promovendo mudanças significativas no Semiárido”, avalia o consultor do Sebrae no estado, Ílton Felipe .
Mais do que o alimento e a garantia de sobrevivência do rebanho, a criação do banco de proteínas significa também economia para os produtores, que passam a utilizar menos silagem e mais feno na composição alimentar dos animais. Com isso, ocorre uma redução nas despesas com a compra de silagem, que está sendo comercializada, em média, a R$ 50 o saco com 50 quilos.
“Antes, um saco de silagem só dava para usar durante quatro dias e os gastos eram muito altos. Agora, com o feno que nós mesmos produzimos, a silagem dura sete dias. É R$ 50 de economia toda semana”, comemora a produtora Ana Lúcia. Somente no mês de maio foi produzido um total de dez sacos de feno na propriedade. O alimento, fabricado por meio da moagem e secagem das plantas, pode ser estocado por um longo período, sem perdas nas propriedades nutritivas.

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