domingo, 21 de julho de 2013

ONU publica resultados parciais de consultas sobre agenda de desenvolvimento pós-2015

A ONU divulgou esta semana o documento “Inicia a Conversação Global, Pontos de Vista Para Uma Nova Agenda de Desenvolvimento”, publicado em março, com os primeiros resultados das consultas nacionais e temáticas sobre a agenda de desenvolvimento no pós-2015, inspiradas, segundo a ONU, no poder de mobilização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).


As consultas nacionais e temáticas começaram em setembro de 2012 e já alcançaram, até a publicação do estudo, 200 mil pessoas em 83 países. No entanto, para este relatório preliminar, contribuíram 130 mil pessoas de 36 países.

Em relação às consultas para o pós-2015, a ONU lembrou que foram divididas em nacionais, realizadas por equipes nos países e sob a liderança do coordenador local da ONU, e temáticas, baseadas em 11 temas: conflito, violência e desastres; educação; energia; sustentabilidade ambiental; combate à fome e à desnutrição; governança; crescimento e emprego; saúde; combate às desigualdades; dinâmica populacional e água.

A pesquisa temática foi realizada pelo Grupo de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDG, na sigla em inglês) junto a outras agências da organização. Além disso, a ONU realiza suas consultas no Facebook, em fóruns em diferentes países ou pela plataforma “Meu Mundo”. Em todas as plataformas, cerca de 645 mil pessoas de 194 países já participaram.

Segundo a ONU, as consultas reiteram que os temas do ODM ainda ressoam como os pilares fundamentais para o desenvolvimento humano. A redução da pobreza, o acesso à educação de qualidade, saúde, água e saneamento e a igualdade de gênero ainda são importantes em suas agendas, além da necessidade de reduzir a fome e a desnutrição, abordar diferentes formas de desigualdade e garantir a sustentabilidade ambiental e parcerias a nível nacional e internacional.

Este resultado não é único para países de baixa renda ou de um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo. De acordo com o relatório, há uma forte convicção de que muitos objetivos básicos de desenvolvimento – sobretudo a igualdade de gênero, mortalidade infantil e materna, além do acesso a água e saneamento – continuam a ser importantes, mesmo em países de renda média, incluindo Albânia, Colômbia, Índia, Jordânia, Peru e Sérvia, entre outros.

Emprego e proteção social entre prioridades na agenda pós-2015

Em relação à agenda pós-2015, o tema emprego domina constantemente as consultas. O assunto é frequente, por exemplo, dentre 17 mil ugandeses consultados. Na Guatemala, a ausência de oportunidades de emprego ocupa a posição número um entre os problemas colocados pelos jovens. Em Honduras, diferentes grupos, desde indígenas, afro-hondurenhos, a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans (LGBT) e os migrantes identificam o emprego como essencial para alcançar o desenvolvimento econômico e humano.

Outros países também destacaram a necessidade de uma melhor proteção social. Trabalhadores do Paquistão, por exemplo, temem pelo desemprego. Segundo a ONU, seu pedido por uma assistência financeira governamental após anos de trabalho reflete uma chamada mais ampla por um incremento da proteção social.

Em Bangladesh, Filipinas e Marrocos, muitos afirmaram que as pensões baixas e benefícios sociais não cobrem o custo de vida para pessoas que não podem ganhar renda adicional, especialmente pensionistas e pessoas com deficiência.

A corrupção também ganhou repercussão para a agenda pós-2015. Segundo o documento, o assunto é visto como um fenômeno cujo alcance não está condicionado a certas camadas da sociedade. Na Moldávia, sejam ricas ou pobres, as pessoas são afetadas pela corrupção na medida em que o problema se “desliza pela sociedade”.

No Iraque, uma pesquisa refletiu a percepção maior de corrupção a nível local, mais do que no nível jurídico ou na imprensa. Mais de 50% dos entrevistados acham que o problema aumentou nos últimos anos. No Brasil, representantes de empresas, sociedade civil, autoridades públicas e instituições de ensino sugeriram que os custos da corrupção e do desvio dos fundos possam ser utilizados para a recuperação da cultura cívica no país.

As consultas também revelaram o desejo de jovens brasileiros de participar do monitoramento do orçamento local para assegurar que fundos sejam gastos de forma eficiente na educação e na saúde.

O acesso a serviços públicos, em particular à energia, também emergiu como outra prioridade. Em muitos países da África, muitas pessoas não têm acesso à energia ou experimentam até oito horas de cortes elétricos diariamente.

Jovens do Malauí e Uganda indicaram “o acesso a fontes de energia elétrica e alternativa” como uma prioridade na agenda pós-2015. Igualdade, participação política e sustentabilidade também foram outros assuntos abordados como prioridades.

Brasil: segurança e redução da violência como prioridade entre os jovens

De acordo com o documento, a segurança também é uma preocupação global, e a redução da violência vista como uma prioridade em muitos contextos nacionais.

Os jovens do Brasil colocaram a segurança pública e a redução da violência na sua lista de prioridades básicas. Estes recomendam maior investimento em instituições para jovens infratores, mais delegacias com policiais mulheres e redução da impunidade para os crimes nas grandes cidades, subúrbios e pequenas comunidades.

A ONU também destacou a pesquisa “Meu Mundo”, que busca saber quais são as prioridades das pessoas, entidades da sociedade civil, do setor privado, do governo e da comunidade científica na construção de um mundo melhor.

Até agora, entre os 16 temas possíveis, boa educação, um governo honesto e responsável e maior atenção à saúde foram os mais votados.

Limitações dos Objetivos do Milênio também foram observadas


Nas Filipinas, foi feita uma enquete que avaliou a eficiência dos ODM e suas limitações, incluindo uma dependência excessiva de indicadores econômicos, falta de especificidade cultural e pouco apoio do setor público e privado.

As consultas na Índia também chamaram a atenção para os limites dos ODM, observando que não são fortes suficientemente para lidar com as “grandes questões” que o mundo enfrenta, especialmente no contexto dos eventos que aconteceram desde a sua formulação.

Acesse o documento com os resultados iniciais da pesquisa, em espanhol, clicando aqui.

Participe da pesquisa em www.myworld2015.org/?lang=pr


fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/?id=734581

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