quarta-feira, 3 de julho de 2013

ONG alerta para bomba climática de HFC-23 na China e Índia


Um novo relatório da ONG Agência de Investigação Ambiental (EIA) aponta para um sério problema, a possibilidade de que vastas quantidades do gás HFC-23 sejam liberadas por indústrias chinesas e indianas.
O HFC-23 é um coproduto da fabricação do HFC-22, usado principalmente em aparelhos de ar condicionado e refrigeradores, e tem um poder de aquecimento global 14.800 vezes maior do que o dióxido de carbono.
As avaliações da EIA descobriram que muitas indústrias, apesar de terem tecnologia para destruir o gás, estão liberando ou ameaçando emitir o HFC-23 a menos que recebam recursos.

Unidades em outros países podem fazer o mesmo, e se isso acontecer, alerta a EIA, podem ser liberadas até dois bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente para a atmosfera até 2020, mais do que as emissões da frota global de carros por ano.
“O governo chinês tem a oportunidade de impedir uma grande porção dessa ‘bomba’. Pequim deve dar o primeiro passo para a implementação do acordo sobre o HFC fechado há duas semanas e determinar imediatamente a destruição do HFC-23 em todas as plantas chinesas”, ressaltou Mark W. Roberts, conselheiro político da EIA. 
Grande parte dos projetos de destruição de HFC-23 era, até agora, financiada pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto.
Porém, como essa eliminação é extremamente barata, constatou-se que muitas empresas estavam lucrando milhões de dólares com a venda de créditos de carbono. Então, os créditos passaram – a partir de maio de 2013 – a ser inelegíveis para uso sob o esquema europeu de comércio de emissões, o maior mercado de carbono do mundo.
Segundo a EIA, as melhores tecnologias e práticas de manutenção disponíveis permitem que 99,99% do HFC-23 seja destruído e não há desculpa para a perpetuação dessas emissões.
O relatório está sendo lançado duas semanas após o anúncio do acordo entre China e Estados Unidos para trabalhar juntos na eliminação dos HFCs através do Protocolo de Montreal, cuja reunião se inicia em Bangcoc nesta segunda-feira. 
“Apesar de aplaudirmos os Estados Unidos e a China por tomarem a direção correta, ações imediatas para controlar o HFC-23 darão vida às palavras do acordo”, comentou Alexander von Bismarck, diretor da EIA.
“Quase todas as emissões de HFC-23 nos Estados Unidos são atribuídas a apenas duas indústrias, de propriedade da Honeywell e Dupont; essas empresas devem liderar dando o exemplo e destruir todo o seu HFC-23”, completou.
No caso da Índia, tudo indica que o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, aproveitará a série de ‘diálogos estratégicos’ entre o seu país e o gigante do sudoeste asiático para pressionar o governo a agir concretamente na questão das mudanças climáticas. Segundo a EIA, a forma mais barata disponível seria a eliminação dos HFCs.
Congressistas norte-americanos enviaram uma carta a Kerry comentando sobre a importância de acabar com o HFC e pedindo ações. “Nenhuma ação por parte da Índia seria mais enfática do que reconsiderar a eliminação dos HFCs sob o Protocolo de Montreal”, colocaram 23 congressistas conforme a carta publicada pela EIA.


Nenhum comentário:

Postar um comentário