domingo, 7 de julho de 2013

Renováveis devem gerar 25% da eletricidade mundial até 2018

Relatório da Agência Internacional de Energia aponta que energias renováveis estão cada vez mais competitivas em relação à geração de combustíveis fósseis, mas alerta para incertezas políticas, que podem levar a estagnação no setor


A Agência Internacional de Energia (AIE) publicou nesta quarta-feira um novo relatório que revela que as renováveis são agora o setor de energia que mais se desenvolve, e serão responsáveis por quase um quarto, ou 25%, da eletricidade gerada no planeta até 2018, contra os 20% de 2011.
O segundo Relatório de Médio Prazo do Mercado de Energias Renováveis (MTRMR) sugere que, apesar da instabilidade econômica que assola boa parte dos países, a geração elétrica renovável deve crescer 40% nos próximos cinco anos.

De acordo com o documento, a geração de energia por gás natural, apesar de ser considerada uma forma de transição rumo a uma matriz energética mais limpa, deve ser ultrapassada pelas fontes renováveis já em 2016.
A agência indica que geração de eletricidade renovável deve atingir 6,85 mil terawatt-hora (TWh), e o total de capacidade renovável instalada deve chegar a 2,35 mil gigawatts (GW) em cinco anos.
Segundo a AIE, as fontes renováveis não hidrelétricas, como eólica, solar, bioenergia e geotérmica, dobrarão, subindo dos 4% de 2011 para 8% em 2018. Em 2006, essa participação era de apenas 2%.
Para se ter uma ideia do crescimento das energias renováveis não hidrelétricas, elas devem contribuir para um aumento de 11% na geração dos países em desenvolvimento até 2018, em relação ao crescimento de 7% em 2012. Só a China deve aumentar 310 GW, ou 40% de todo o crescimento na capacidade de renováveis durante esse período.
O texto coloca que há dois fatores centrais que estão possibilitando esse crescimento das energias renováveis. Primeiramente, o investimento e desenvolvimento estão acelerando nos mercados emergentes, onde as elas estão ajudando a suprir o rápido aumento na demanda por eletricidade. Em segundo lugar, as energias renováveis estão se tornando mais competitivas em diversas circunstâncias.
Em relação ao primeiro fator, a análise afirma que a China, liderando países que não pertencem à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), deve ser responsável por dois terços do aumento na geração de energia renovável entre 2013 e os próximos cinco anos. Tal desenvolvimento deve compensar o crescimento menos acelerado e a volatilidade em outros mercados, como a Europa e os Estados Unidos.
Em se tratando do segundo fator, não apenas a energia hidrelétrica, geotérmica e bioenergia estão se tornando competitivas, mas também a eólica e a solar. Por exemplo, em alguns mercados, como Brasil, África do Sul, México, Nova Zelândia e Turquia, o preço da energia eólica já compete com o dos combustíveis fósseis.
 Já a energia solar é atrativa em mercados com altos preços para a eletricidade, como os preços que resultam da geração de energia do petróleo, e os custos da geração fotovoltaica descentralizada podem ser mais baixos do que o de outras energias em vários países.
O MTRMR também aponta que os biocombustíveis para o transporte, bem como as fontes renováveis para a geração de aquecimento, também dever crescer, embora não tanto como a eletricidade renovável.
A produção de biocombustíveis deve equivaler a 4% da demanda por petróleo para o setor de transportes terrestres em 2018, dos 35 em 2012. Já as renováveis para aquecimento devem aumentar para quase 10% sua participação em cinco anos, dos 8% em 2011. Ainda assim, o potencial das renováveis para aquecimento poderia ser muito mais explorado, diz o relatório.
Mas apesar do potencial de crescimento, o documento alerta que o desenvolvimento das renováveis está se tornando mais complexo e ainda enfrenta desafios, principalmente na esfera política.
“À medida que os custos continuam a cair, as fontes de energia renovável estão cada vez mais se firmando por seu próprios méritos em relação à geração de combustíveis fósseis. Isso é uma boa notícia para um sistema global de energia que precisa se tornar mais limpo e mais diversificado. Mas isso não dá espaço para complacência dos governos, especialmente entre países da OCDE”, explicou Maria van der Hoeven, diretor executiva da AIE.
“O principal desafio, o inimigo número 1 para investidores e a barreira mais importante para o desenvolvimento da energia renovável é a incerteza política. Muitas renováveis não exigem mais altos incentivos econômicos ou subsídios. Mas elas precisam de políticas de longo prazo que continuem a fornecer um mercado previsível e confiável e um quadro regulatório compatível com metas sociais”, acrescentou van der Hoeven.

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