domingo, 21 de julho de 2013

Queima de carvão estaria encurtando a vida de 500 milhões de chineses em 5,5 anos

energia & crédito carbono

 Jéssica Lipinski - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
No começo do ano, diversas cidades da China reportaram níveis altos de poluição que ultrapassavam o limite fixado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o máximo aceitável para o bem-estar humano. Agora, uma pesquisa realizada por cientistas chineses, norte-americanos e israelenses indica que toda essa poluição, ligada à queima de carvão, pode encurtar a vida de parte da população chinesa em cerca de 5,5 anos.

Segundo o estudo, aproximadamente 500 milhões de pessoas na China são afetadas por altos níveis de poluição, especialmente no norte do país, onde, entre 1950 e 1980, uma política estimulou a distribuição de carvão grátis para alimentar caldeiras de aquecimento. Já ao sul do rio Huai – que serve como delimitador entre as regiões norte e sul do país – essa política não foi implementada.
O resultado é que a região norte apresenta níveis maiores de poluição do que a região sul, chegando a atingir 550 microgramas de partículas de poluentes por metro cúbico, quase 50 vezes mais do que os padrões internacionais de qualidade do ar. No estudo, os pesquisadores definiram que, para cada 100 microgramas de partículas de poluentes por metro cúbico, a expectativa de vida cai em média três anos.
“Usando dados que cobrem um período de tempo anormalmente longo – de 1981 a 2000 – os pesquisadores descobriram que a poluição atmosférica era aproximadamente 55% maior ao norte do rio do que ao sul dele”, afirmou a Iniciativa de Energia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, em uma declaração.
“Ligando os dados de poluição às estatísticas de mortalidade de 1991 a 2000, os pesquisadores descobriram uma grande diferença nas taxas em ambos os lados da fronteira formada pelo rio Huai. Eles também descobriram que a variação é atribuída a doenças cardiorrespiratórias, e não a outras causas de morte”, continuou o MIT.
Entretanto, os pesquisadores não atribuem a culpa disso particularmente ao governo. “Não é que o governo chinês tenha começado. Isso foi a consequência não intencional de uma política que deve ter parecido bastante sensata”, colocou Michael Greenstone, coautor do estudo.
“Não há outras políticas que sejam diferentes ao norte e ao sul do rio, até onde podemos dizer”, observou, acrescentando que outros tipos de poluição são semelhantes entre as duas regiões.
Os cientistas acreditam que a pesquisa pode ajudar nações emergentes, como a China, o Brasil e a Índia, a encontrarem formas melhores de combinar o crescimento econômico com controles ambientais.
“O que esse trabalho ajuda a revelar é que pode haver razões imediatas e locais para a China e outros países em desenvolvimento dependerem menos dos combustíveis fósseis. O planeta não vai resolver o problema dos gases do efeito estufa sem a participação ativa da China. Isso pode dar a eles uma razão para agir agora”, comentou Greenstone.
“Esses são resultados muito poderosos. Eles apresentam uma nova razão para preocupação entre a população do norte da China sobre o efeito do carvão na saúde”, concordou Barbara Finamore, especialista do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, que não estava envolvida no estudo.
Segundo dados da OMS, cerca de dois milhões de pessoas morrem todos os dias devido à poluição atmosférica, a maioria em nações em desenvolvimento. Mas mesmo na Europa, por exemplo, a poluição atmosférica reduz a expectativa de vida em oito meses.
O governo da China está ciente de que a degradação ambiental se tornou uma das principais causas de insatisfação social. O país apresentou no último mês dez novas medidas que pretende adotar para combater a poluição atmosférica, e afirmou que deseja impor penas de morte a grandes poluidores. O país também está implementando esquemas de comércio de emissões em sete cidades do país, visando com isso controlar as emissões de gases do efeito estufa.

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